Resumo
Este estudo de caso foi realizado com o objetivo de analisar a prática pedagógica do treinador da Seleção Brasileira masculina infanto-juvenil (15 a 17 anos) de voleibol, tendo em vista o novo paradigma técnico-tático da modalidade. Como instrumento de coleta de dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com o treinador e os integrantes da comissão técnica (7 pessoas), bem como filmagens de 45 sessões de treinamento técnico-tático realizadas no período preparatório, com a participação de vinte e dois atletas. Enquanto que os dados das entrevistas foram submetidos a análise de conteúdo, a análise das filmagens dos treinamentos foi realizada a partir de 143 diferentes tipos de atividades, divididas em nove categorias e utilizando-se dos recursos de estatística descritiva. Os resultados indicam que o atual treinador teve uma formação profissional influenciada pela experiência de atleta e treinador de voleibol e pela formação inicial. A sua prática pedagógica está fundamentada em concepções metodológicas tradicionais, desenvolvimentistas, sistêmicas e estruturalistas. No processo pedagógico, verificou-se que a principal metodologia utilizada foi a analítica (70%), onde as tarefas mais solicitadas foram as individuais (52%), iniciadas ou centralizadas no treinador (61%) e com o objetivo de melhorar a eficiência (49%) e a eficácia técnica (45%) dos atletas. A maior parte das atividades (83%) foi realizada na quadra de voleibol e o modo de participação dos atletas se deu preferencialmente de forma massificada (77%), além de evidenciarem o comportamento congruente (61%). A relação da comissão técnica com os atletas foi harmoniosa (61%) e respeitosa (31%). A concepção tática coletiva adotada acompanhou o processo de especialização de funções existente na modalidade. Ofensivamente, verificou-se que o único sistema de jogo utilizado foi o 5 x 1, utilizando jogadores especialistas em todas as funções táticas estabelecidas. O sistema de ataque implantado primou pela simplicidade e eficiência, apresentando características bastante ofensivas. No sistema de recepção de saque, a equipe utilizou dois ou três jogadores passadores prioritários. O sistema defensivo adotado sempre utilizava o jogador da posição seis recuado. Finalmente, o sistema de proteção ao ataque era realizado a partir de uma cobertura individual imediata e as demais possíveis. A pesquisa apontou que o processo de preparação da seleção brasileira foi realizado com muita competência, através de uma periodização correta dos treinamentos e uma seleção criteriosa dos atletas, que seguiu padrões internacionais como a altura, força física e recursos técnicos individuais.