Resumo

Esta pesquisa aborda as relações existentes no processo de privatização dos espaços públicos, especificamente o caso da concessão do Pavilhão de Eventos do Parque Barigui em Curitiba-PR. O objetivo foi identificar quais as possíveis consequências dessa concessão para a apropriação do parque. Para tanto, o estudo teve os seguintes objetivos específicos: (a) identificar as práticas corporais desenvolvidas antes e depois da implantação da concessão; (b) descrever as condições de infraestrutura e manutenção nos espaços e equipamentos do Parque Barigui após a implantação da concessão; (c) analisar o que gestores e usuários pensam em relação às mudanças ocorridas no Parque Barigui; e (d) apontar as possíveis consequências e impactos da implantação da concessão no Parque Barigui. Esta investigação foi desenvolvida em uma abordagem qualitativa, fundamentalmente empírica. Os instrumentos metodológicos utilizados foram: entrevistas, roteiro de observação e registros fotográficos. Os resultados da pesquisa indicaram que, em relação às condições de manutenção dos equipamentos do parque, problemas antigos não foram solucionados, e que novos problemas foram identificados em decorrência das modificações ocorridas “pósconcessão”. Observou-se que a construção de novas estruturas no parque não potencializaram as formas de apropriação e que, em alguns momentos, até criaram problemas de uso para práticas de atividades rotineiras. As novas práticas corporais presentes no parque também não são decorrentes das mudanças oferecidas pela concessão. Conclui-se que as possíveis consequências da concessão para apropriação do Parque Barigui estão relacionadas à falta de qualificação dos equipamentos do parque por essa concessão; a criação de problemas de mobilidade para os usuários; e a dificuldade de acesso de muitos usuários às feiras promovidas pelo Pavilhão de Eventos do parque por conta dos altos preços de seus ingressos. Ressalta-se que contratos dessa natureza podem se tornar arriscados para a população, principalmente para os sujeitos com menor poder aquisitivo, no que tange à redução cada vez mais acentuada de acesso aos espaços públicos e bens culturais. 

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