Resumo

A presente pesquisa teve como objetivo investigar a técnica grupal, Grupo de Atividades Físicas enquanto dispositivo psicoterapêutico para pacientes psiquiátricos com adoecimento mental severo. Os conceitos psicanalíticos e as concepções da grupanálise embasaram este estudo. O campo de pesquisa foi um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de um Serviço Público de Saúde Mental (Campinas, estado de São Paulo, Brasil). O grupo era aberto, heterogêneo quanto ao diagnóstico, gênero e idade; 16 pacientes, faixa etária: 27-56 anos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa conduzida com base em psicanálise aplicada. A técnica grupal, Grupo de Atividades Físicas, compreendia três momentos principais: 1-) caminhada (de ida e volta do Serviço ao Centro de Convivência); 2-atividade física coletiva e 3-) momento simbólico da sessão. Para a análise dos resultados (registro de 13 sessões do grupo) utilizou-se o método desenvolvido pelo grupanalista René Käes. Concluiu-se que a técnica grupal constitui-se num dispositivo psicoterapêutico no tratamento de pacientes com adoecimento mental severo, por sensibilizá-los aos fenômenos de grupo direcionando-os a organização psíquica. Observou-se durante o processo analítico grupal um movimento de agregação, de tentativa de ser e ter corpo contra angústias de não-existência. No momento da atividade física coletiva, a comunicação entre os participantes adquiriu uma característica especial por utilizar de maneira mais marcante recursos não-verbais. Compreendeu-se o ato de passar a bola enquanto representante do movimento intrapsíquico de investimento libidinal objetal. Em seus diferentes momentos, a técnica grupal propiciou um espaço para o estabelecimento de contato intersubjetivo. Oportunizou o exercício do re-conhecimento dos objetos pertencentes a realidade externa. Houve o favorecimento de mecanismos de projeção e introjeção o que propiciou um movimento em direção a integração do ego. Finalmente, a técnica grupal desenvolvida figura como um importante coadjuvante no tratamento de pacientes psiquiátricos com adoecimento mental severo, constituindo-se num dispositivo psicoterapêutico, principalmente por favorecer o jogo-relacional , isto é, o exercício da comunicação inconsciente entre o singular e o plural.

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