A Psicomotricidade Relacional Como Prática Educativa
Por M. P. S. Morais (Autor), D. L. de Oliveira (Autor), L. S. Menezes Filho (Autor), J. D. Dantas (Autor), E. J. B. Oliveira (Autor), Jonatas de França Barros (Autor).
Resumo
A psicomotricidade relacional é uma prática educativa que abrange diversos campos do desenvolvimento humano, em especial os fatores psicoafetivos e sociais na relação entre os sujeitos que participam do jogo simbólico. O objetivo do presente trabalho foi analisar o comportamento da criança mediante o jogo das sessões de psicomotridade relacional. O programa de psicomotridade relacional realizado no Centro de Apoio Psicossocial Infantil - CAPS-i atendeu 15 crianças com transtornos não especificados, respeitando uma condição de necessária heterogeneidade do grupo. Trata-se de um estudo de caso, tipo descritivo, com base na análise do envolvimento de uma criança. O programa de intervenção foi proposto para todas as crianças, uma vez que se objetiva trabalhar a relação de grupo da criança com seus pares. As sessões possibilitaram tratar aspectos que estão diretamente relacionados às dificuldades no campo da integração social. Com o escopo de preservar a identidade da criança investigada, será apresentada por meio do código alfabético "N", todas as vezes que for mencionada nos resultados do estudo. Nas sessões iniciais de Psicomotricidade Relacional "N" apresentava-se apática e inibida. "N" não se envolvia nas relações e sequer tinha curiosidade para com os objetos transicionais. Na sessão que usa o material jornal, onde uma das representações simbólicas é de uma piscina, constatou-se que a criança ficou muito curiosa. Na sessão com o objeto caixa, "N" entrou no objeto, demonstrando o desejo de ser conduzida, simbolizando um passeio num veículo, possibilidade que foi deflagrada a partir das observações do que acontecia em sua volta, com seus pares. Pouco a pouco, passou a solicitar pela linguagem corporal os seus desejos, inclusive os de ordem fusional, expressando-se corporalmente bem. Inicialmente predominavam as relações de atenção unilateral, entre "N" e o psicomotricista. Com o transcorrer de poucas sessões, passou a compartilhar mais com as outras crianças. A qualidade da relação interpessoal passou a ser melhor na sessão do objeto tecido, material que favorece a expressão feminina através do gestual, ficando marcante o momento em que "N" brincava simbolicamente de ser passageira num veículo que era puxado pelo psicomotricista, expressando muita alegria e partilha com os demais participantes. "N" vivenciou e conquistou gradativamente as fases do jogo, saindo da inibição profunda, passando pelo jogo simbólico e, após 10 sessões de aproximadamente 60 minutos de duração, com um encontro semanal, já sinaliza autonomia.