Resumo
Trata-se de pesquisa bibliográfica vinculada à Linha de Pesquisa Cultura e Processos Educacionais. Tem como objeto de estudo a questão da diferença na produção acadêmica da Educação Física, particularmente nas obras de Jocimar Daolio, Marcos Garcia Neira e Valter Bracht. Fundamentando-se no referencial marxiano, a questão da diferença na atual particularidade histórica é apreendida como intimamente relacionada à estrutura da desigualdade substantiva no modo de produção capitalista. Objetivou-se analisar os nexos que dão sentido à discussão sobre a questão da diferença no campo acadêmico da Educação Física brasileira, particularmente a que tem fundamentado teoricamente a pesquisa no âmbito escolar. Buscou-se situar os nexos históricos que nos anos de 1960-1970 deram peculiaridade às preocupações sociais com a questão da diferença, bem como a centralidade que este termo passa a ocupar na teorização social no contexto da segunda metade do século XX. Para tanto, abordou-se o Movimento Renovador da Educação Física brasileira nos anos finais de 1970 como espaço-tempo da produção acadêmica em torno de uma ideia de cultura do corpo determinante para a questão da diferença. Os três autores analisados partiram da referência ao cultural como espaço de manifestação e discussão das diferenças. A linguagem, o discurso e os procedimentos comunicativos dão sentido à perspectiva analítica dos três autores, estabelecendo o plano ontológico a partir do qual se pode compreender o homem e as relações sociais com as diferenças. Os desdobramentos da abordagem desenvolvida por Bracht, Daolio e Neira tendem a colocar em novas bases a lógica de biologização da vida social, pois o sentido de tal análise – se levado às últimas consequências – implicaria na constituição de identidades saudáveis, porque estariam harmonizadas na cultura, sem enfrentar ou romper com a estrutural desigualdade social.