Resumo

Em quatro capítulos, este estudo qualitativo debruça-se sobre as inquietações que afligem as relações estabelecidas entre Recreação/Lazer e Educação Física, as quais envolvem a formação e ação de profissionais de Educação Física na atualidade, procurando compreender os limites e significados dessa relação. Inicialmente, apresenta a problemática do estudo, que incide sobre dois eixos principais: o das divergências terminológicas/conceituais e o das divergências quanto à abrangência de ação das áreas em questão. Apoiando-se em princípios hermenêuticos (RICOUER, 1988) e seguindo as trilhas do estudo curricular, procurou-se desmistificar a consciência enquanto ilusão, tendo também como meta compreender as intenções ocultas na aparência do fenômeno e a busca de novos sentidos para a realidade estudada. A investigação seguiu a linha de raciocínio dialético, considerando a linguagem como exigência metodológica. Assim, a partir da simbologia que envolve o fenômeno, foram identificados signos, no esforço pela compreensão da arquitetura de sentidos que os sujeitos dão à realização de seus discursos e ações enquanto obra. Para isso recuperou narrativas, documentos e literatura que testemunham o vivido pelas relações estudadas, em especial num curso de graduação em Educação Física no País. O segundo capítulo reúne as reflexões realizadas revelando a mistura de opostos que unem o jogo e o corpo - pontos de partida da Recreação/Lazer e da Educação Física -, focalizando a contemporaneidade vivida na cultura como um todo e, sobretudo, na Escola. Das análises realizadas resulta o terceiro capítulo que mostra indicativos, embora não conclusivos, desvelados no estudo. Esses mostram que a atualidade é regida pelo sistema de racionalização dentro dos princípios da lógica de produção nos moldes da cultura industrial capitalista. Em decorrência, o jogo e o corpo cada vez mais são disciplinados, acomandados pelas iniciativas da diversas instituições e, dentre elas, a Escola. As manobras efetuadas, sustentadas pelo "jogo" do ser/ter/poder/saber, jogados na atualidade, manipulam desejos, anseios e possibilidades do jogo e do corpo condicionando-os às metas, muitas vezes estabelecidas fora de seus próprios domínios. Nesse conturbado cotidiano surgem, entretanto, algumas pistas anunciando o ’jogo’ das resistências que são básicas para a transformação da realidade. O desafio emancipador fez com que o quarto e último capítulo trilhasse pelos veios revolucionários revelados, buscando recuperar sentidos que possam indicar possibilidades de mudanças. A reflexão efetuada mostra que o ponto de chegada do estudo indica pontos de partida para outros aprofundamentos, necessários à compreensão da problemática estudada.

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