Resumo

Esta pesquisa busca analisar uma política de estado que foi apresentada como o Legado Esportivo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016: a Rede Nacional de Treinamento. Analisamos a elaboração, formulação e implementação desta política, tendo como metodologia a dependência de trajetória (patch dependence). A realização dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro criou grandes expectativas sobre os seus efeitos, não somente para a cidade do Rio de Janeiro, mas para o Brasil como um todo. Buscou-se problematizar o que, no campo esportivo, é apresentado como “legado”, tendo especial atenção para o Legado Esportivo dos Jogos do Rio 2016. Neste sentido, foram consultadas fontes que compuseram a exitosa candidatura do Rio de Janeiro à sede olímpica em 2016, como documentos elaborados pelo Comitê Olímpico Internacional, pelo Comitê Organizador dos Jogos do Rio 2016, pelo Ministério do Esporte, entre outros. Encontramos referências sobre a formulação da Rede Nacional de Treinamento ainda na III Conferência Nacional de Esporte. Questões que problematizem o esporte enquanto um fenômeno social e suas relações enquanto negócio e consumo foram debatidos com autores que problematizam o neoliberalismo e seus efeitos e relações com o esporte. A modalidade de atletismo é apresentada como modelo de implementação, com diversas estruturas construídas, além de um convênio (n° 813831/2014), oriundo de uma chamada pública em 2013, firmado entre a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e o Ministério do Esporte. As legislações que normatizam esta política, como a lei 12395/2011 e duas portarias publicadas em 2016, foram descritas e analisadas, assim como as recentes mudanças notadas no que diz respeito ao fomento ao esporte brasileiro e seus desdobramentos em período recente. Como resultado, destacamos que, enquanto legado esportivo dos Jogos Olímpicos, a Rede Nacional de Treinamento foi uma resposta a uma demanda do COI para a construção de um legado. Ocorreu uma tentativa de distribuição do legado com a construção de estruturas por todo território brasileiro. No caso do atletismo, a proposta de integração buscando um caminho para o atleta ao circular entre os Centros é confrontada com a lógica concorrencial inerente ao esporte, e assim temos uma grande contradição neste sentido. A tentativa de implementação, iniciando os investimentos por cima das estruturas da pirâmide esportiva, contribuiu para o insucesso desta política pública.

Acessar