Resumo
De maneira geral, as cidades se estruturam a partir de uma relação dual entre a propriedade privada e os espaços públicos. Estes espaços materializam, em termos urbanísticos, respectivamente, as esferas privada e pública, em torno das quais se dividem as atividades da vida humana. Os espaços públicos, lugar de representação e interação social, ao longo dos séculos foram submetidos a um processo de transformação contínuo, reflexo das alterações da sociedade que deles se apropriam, transformando-os em territórios de realização de atividades cotidianas. Em alguns períodos, contudo, essas transformações se fazem mais abruptamente, ocasionando reconfigurações físicas ou simbólicas nesses espaços. No período atual, as transformações nos espaços públicos, mais especificamente nos espaços livres que se prestam à realização do lazer, têm como vetor a coexistência e a sobreposição de territorialidades distintas: os espaços pseudopúblicos ou interiorizados e o ciberespaço. Essa simultaneidade se configura como um fator de transformação sócio espacial, tendo em vista que proporciona a formação de uma multiterritorialidade efetiva no que tange às atividades de lazer. A partir de análise bibliográfica e dos dados obtidos por meio de atividades empíricas em um conjunto de 14 bairros, agrupados sob a denominação de Baía Noroeste de Vitória, este estudo ocupa-se das interações entre o espaço público tradicionalmente vinculado ao lazer e espaços contemporaneamente, incorporados para tal finalidade. As inter-relações na apropriação desses espaços são consideradas sob a óptica de um público específico, composto por adolescentes e jovens residentes na região de estudo.