A Relação de Pais com Crianças com Deficiência nas Sessões de Psicomotricidade Relacional
Por D. L. de Oliveira (Autor), Patrick Ramon Stafin Coquerel (Autor), L. L. P. Cabral (Autor), F. H. C. Oliveira (Autor), Jonatas de França Barros (Autor).
Resumo
Muitas famílias vivenciam a experiência de receber um novo membro, especialmente no final de um período gestacional, ou mesmo no caso de adoção. Há expectativas significativas, com grande entusiasmo para acolher um ente que deverá ser querido no seio familiar. No caso dos recém-nascidos, esperase um crescimento saudável e um desenvolvimento tido como normal. Infelizmente, quando a realidade não corresponde ao desejado, o sentimento de frustração passa ser notório e a criança em desenvolvimento começa a conviver nesse espaço não saudável, cheio de insatisfação e tristeza. A partir desse momento, inicia-se um processo de busca com o intuito de possibilitar a "cura" ou aproximar do que se considera padrão de normalidade. O presente trabalho teve como objetivo observar a relação dos pais de crianças com deficiência nas sessões de psicomotricidade relacional realizado no Centro de Apoio Psicossocial Infantil - CAPS-i. Atenderam-se 15 crianças com deficiência e transtorno não especifícado. Tratase de um estudo de caso, tipo descritivo. O programa de intervenção foi proposto para um grupo heterogêneo de crianças, uma vez que se objetiva trabalhar a relação das crianças com os adultos psicomotricistas, mas, também, seus pares e os objetos transicionais utilizados nas sessões. A última sessão realizada no segundo semestre do ano de 2014 contou com a presença dos pais das crianças no setting da psicomotricidade relacional. Foi possível traçar novos olhares, neste caso a relação pais e filhos no jogo simbólico. O brincar espontâneo foi marcado pelos olhares, atitudes e cenas em que os pais costumavam reproduzir com seus filhos as brincadeiras do convívio doméstico, na perspectiva de melhoria da relação e do comportamento da criança. Quando os pais não conseguem respostas positivas, acabam expressando angustia e descrédito no desenvolvimento da criança sob sua tutela. Diante dessa problemática, notou-se que os pais carecem de outras percepções, avanços no campo da relação afetiva, por exemplo. O fato é que seus filhos estão presentes, precisam compartilhar o respeito e o aceite seu modo de vida. Verificou-se diferentes comportamentos dos pais em relação aos seus filhos durante a sessão de psicomotricidade relacional. Três tipos foram identificados: 1) relação mais próxima com a criança; 2) conduta de afastamento; e 3) superproteção. Os psicomotricistas reconheceram possibilidades de modulação do comportamento das crianças diante de situações em que ocorrem projeções relacionais, transferência ou contratransferência na relação com os pais.