A Representação das Festas de São João Pela Arte Naïf no Olhar de Prazeres, Djanira e Silva
Por Livia Cristina Toneto (Autor).
Resumo
A pesquisa em questão pretende abarcar o universo das festas juninas, em especial as festas de São João, enquanto festas típicas presentes no ciclo junino no Brasil, e um dos símbolos de identidade cultural de nosso país. A partir das festas juninas trazidas pelos imigrantes Portugueses e sua re-apropriação pela conjuntura brasileira, apresentamos nosso problema de pesquisa: Como pintores brasileiros sem acesso a formação clássica das artes plásticas e classificados como artistas naïfs, em meio a sua ‘ingenuidade’, imprimiram sua técnica e estética ao retratar as festas de São João? Nosso objetivo geral é investigar as representações das festas de São João pelas técnicas de arte naïf na narrativa de três pintores: Heitor do Prazeres, Djanira da Mota e Silva e José Antônio da Silva, enquanto artistas que retrataram práticas culturais da sociedade brasileira e as valorizaram dentro do contexto das artes plásticas no Brasil. Já os objetivos específicos do trabalho são: a- apresentar e discutir alguns conceitos sobre festa e sua relação com a sociedade ocidental, em especial com o contexto da religiosidade das questões sagradas impostas pela Igreja ao longo dos séculos, e os ajustes das condutas do dia-a-dia das festas aos modos e valores religiosos; b- entender como as festas juninas, e em especial as festas de São João, se desenvolveram no Brasil identificando as suas influências e modificações perante a sociedade brasileira delimitando os elementos que constituem tais festejos; e c- conceituar a arte naïf, enquanto um classificação das artes plásticas, identificando a origem deste termo, suas características e a sua presença no Brasil. Como procedimento metodológico trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa, que utilizará a técnica da iconografia. A observação em questão será aplicada aos quadros selecionados com a temática festa de São João dos pintores Heitor dos Prazeres, Djanira da Mota e Silva e José Antônio da Silva. Assim, os resultados foram analisados mediante a interpretação dos dados coletados nas observações dos quadros e sua correlação com o referencial teórico elencado para o desenvolvimento do trabalho. Estes dados serão comparados com as categorias teóricas de análise estabelecidas para a pesquisa, como Estética, Cultura, Festas e Cidade. Como considerações finais entendemos que a arte naïf ainda nos dias de hoje é classificada como uma arte menor, uma arte produzida por pessoas desqualificadas justamente por não terem sido frutos da academia, do conhecimento formal e estandartizado. Descobrir Heitor dos Prazeres, Djanira da Mota e Silva e Joé Antônio da Silva não foi uma tarefa das mais fáceis. Primeiro por conta da necessária desconstrução de tantos conceitos acerca da ingenuidade da arte como pintam. Elas permearam nossos pensamentos e nortearam nosso olhar, nublaram por um tempo a nossa visão. Mas isso ocorreu até o ponto em que descortinamos a janela, permitimos que a claridade da luz de fora entrasse no ambiente e o transformasse em outro lugar. A medida que os conceitos e as teorias sobre arte naïfpassaram a fincar posição, a desvendar saberes diferentes daqueles que outrora estiveram a frente, novas percepções afloraram e o fundamento mudou, e pudemos constatar que este tipo de arte merece o mesmo nível de importância quanto os da arte erudita.