A representatividade negra no lazer de infâncias em acolhimento institucional: a personagem Ariel na construção da corporeidade de meninas negras
Por Janaína Fontes (Autor), Rossana Vincente Ramos (Autor), Marzo Vargas dos Santos (Autor), Carolina Caneva da Silva (Autor), Mauro Myskiw (Autor), Raquel da Silveira (Autor).
Resumo
O acolhimento institucional é uma medida prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, aplicada de forma excepcional e provisória para crianças e adolescentes que tiveram direitos violados, negligenciados e vínculos familiares fragilizados. A instituição que promove este acolhimento em âmbito Estadual no Rio Grande do Sul é a Fundação de Proteção Especial (FPE). Conforme Eurico (2020) a pobreza geracional, causada pelo racismo, impacta com prejuízos para crianças e adolescentes, que dependem da proteção dos adultos para se desenvolverem de forma saudável, repercutindo na dificuldade de garantias de direitos fundamentais como educação, lazer, esporte e cultura nas famílias negras. Segundo o Relatório Anual do NMAP/FPE, em 2023 a população atendida era majoritariamente negra, totalizando 58% das crianças e adolescentes. Quando analisamos essa informação com base na população identificada no RS como de 79% branca, observamos que o acolhimento institucional continua a cumprir a função histórica de proteger a sociedade das crianças e adolescentes “indesejáveis”, ou seja, há uma inversão da noção de proteção, que corresponde a uma prática higienista e de confinamento das infâncias negras.