A Supervisão da Prática e a Formação do Pedagogo do Esporte
Por Fabio D´angelo (Autor).
Integra
O Instituto Esporte e Educação - IEE atua em comunidades de baixa renda com a missão de formar, por meio do Esporte, cidadãos críticos e participativos. Na sua rede de 43 Núcleos são atendidos milhares de crianças e jovens em quatro estados do Brasil. Sua equipe de professores caracteriza-se por ser um grupo bastante jovem, ainda inexperiente e carente de uma formação consistente quando o assunto é o esporte educacional. A partir deste diagnóstico, foi criado em 2008 o programa de formação continuada, denominado Supervisão da Prática. O programa objetiva criar espaços e condições para que o professor aprenda a refletir sobre a sua prática, exercendo de forma consciente e autônoma a sua capacidade de observação, análise e metacognição. No trabalho de formação desses professores e estagiários, apoiamo-nos nos estudos, entre outros, de Alarcão (1996, 2003 e 2007), Perrenoud (2002 e 2003), Schon (2000), Zeichner (2001) e Macedo (2005), e nos conceitos de professor reflexivo e supervisão colaborativa. Para verificar a repercussão do trabalho de supervisão junto aos professores que atuam na prática do esporte educacional, realizamos uma pesquisa, cujo objetivo era levantar a percepção desses professores, especificamente quanto aos seguintes aspectos: o conceito do que é a supervisão, as competências e funções do supervisor e do professor, o papel da observação e a qualidade das relações interpessoas que se constroem no espaço da supervisão. Foram aplicados questionários a 29 professores e estagiários atuantes nos NESEs - IEE, responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento de projetos voltados para o ensino do esporte, numa perspectiva educacional. Os professores e estagiários responderam ao questionário sobre teorias subjetivas acerca da supervisão sugerido por Vieira (1993), instrumento que permite fazer uma leitura sobre as crenças, concepções e opiniões sobre a supervisão. A análise das respostas indica que os professores e estagiários valorizam a supervisão como um espaço de apoio e orientação, desejando continuar sendo atendidos pelo programa. Quando analisamos a visão dos pesquisados sobre as competências e funções do supervisor e do professor, as respostas indicam que o supervisor não é aquele que sabe mais, mas o que tem por obrigação ajudar o professor na melhoria da qualidade de sua prática pedagógica. A maioria afirma que observar e ser observado é essencial ao seu desenvolvimento profissional. Por outro lado, chamou-nos a atenção o fato de que muitos professores ainda enxergam a supervisão como uma forma de pressioná-los a atender adequadamente as demandas burocráticas, e não como uma forma de ajudá-los a desenvolver maior competência para uma prática pedagógica que dê conta, tanto de realizar uma educação para a cidadania, quanto de poder refletir a própria prática, no sentido de aperfeiçoá-la. Quando perguntados sobre como deve ser a relação entre o supervisor e o professor, os pesquisados sugerem que ela deveria ser pautada pela sinceridade, o respeito e a transparência. A partir da análise das respostas dos pesquisados, concluímos, por exemplo, que é importante que a atuação dos supervisores sugira menos procedimentos burocráticos e mais procedimentos relacionais e que o programa continue aprimorando seus métodos e estratégias de supervisão.