A Tensão Como Regra: Regulações em Torno da Profissão de Jogador de Futebol
Por Radamés Rogério (Autor).
Em Mosaico v. 9, n 14, 2018. Da página 177 a 194
Resumo
O presente artigo consiste num recorte da tese de doutorado de minha autoria defendida em 2014 junto ao departamento de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará intitulada “No “segundo tempo da vida”: o jogador de futebol e a passagem para a pós-carreira” (2014). A questão a qual gostaríamos de nos deter nesse momento é a seguinte: o futebol é uma atividade que participa do processo civilizador de nossa sociedade ao propiciar excitação prazerosa e controlada ao público em geral, à massa, mas para cumprir esse papel, os participantes principais da atividade, os jogadores, devem ser submetidos a uma rigorosa disciplina e devem ter atitude exemplar no contexto dessa ordem disciplinar. Quais as consequências para os jogadores? Como este campo profissional é afetado por esta ambiguidade do processo civilizador? Para refletir sobre as questões propostas, iremos dialogar com a teoria do processo civilizador em Norbert Elias (1993 e 1995b) e da produção do “corpo dócil” em Michel Foucault (1979 e 1987).
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