A tensão essencial na formação científica na Educação Física brasileira: entre o pensamento convergente e o pensamento divergente
Por Gabriel Carvalho Bungenstab (Autor).
Resumo
O objetivo deste ensaio é apresentar os pensamentos de Thomas Kuhn e refletir, a partir de sua obra, sobre a formação científica no campo da Educação Física (EF) brasileira contribuindo com o fortalecimento do pensamento crítico de modo a combater preconceitos como o “negacionismo endógeno” e a “epistemofobia”. Para tal, apresenta duas características essenciais do processo de formação científica defendidas por Kuhn: o pensamento convergente e o pensamento divergente. Conclui-se que a formação científica na EF brasileira deva ser pautada tanto pelo pensamento convergente como, também, pelo pensamento divergente, já que é preciso conhecer os pressupostos teóricos-metodológicos, epistemológicos e históricos da EF (pensamento convergente), mas isso torna-se insuficiente uma vez que é o pensamento divergente que oferece melhores condições de resolução dos problemas que envolvem a prática.
Referências
ARRUDA, Sergio de Mello; UENO, Michele Hidemi; GUIZELLINI, Alessandra; PASSOS, Marinez Meneghello; MARTINS, João Batista. O pensamento convergente, o pensamento divergente e a formação de professores de ciências e Matemática. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 22, n. 2, p. 220–239, 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/6386 . Acesso em: 29 jan. 2024.
BARAI, Alexandre; VERASZTO, Estéfano Vizconde. Epistemologia da ciência de Thomas Kuhn e a educação física no brasil: revisão da literatura. Revista Didática Sistêmica, v. 24, n. 1, p. 157–167, 2022. Disponível em: https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/12859 Acesso em: 26 jan. 2024.
CHALMERS, Alan Francis. O que é a ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
DEMO. Pedro. Educação e alfabetização científica. SP: Papirus, 2010.
FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Epistemologia e crítica à regressão: contribuições da Educação Física/Ciências do Esporte. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 45, e20230083, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbce/a/jYMCPLPnnSpSfGrnC43THmn/ Acesso em: 27 jan. 2024.
FRAGA, Alex. Negacionismo endógeno no jogo acadêmico da Educação Física. Motrivivência, v. 34, n. 65, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/89856Acesso em: 25 jan. 2024.
GARCIA, Silas Alberto. Epistemologia da Educação Física brasileira: uma (re)leitura a partir de pesquisadores do campo e de Paul Feyerabend. 2023. 209 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2023.
MEZZAROBA, Cristiano; BASSANI, Jaison José. Reflexões sobre a Educação Física a partir dos conceitos de “campo” em Pierre Bourdieu e de “paradigma” em Thomas Kuhn. Revista Tempos e Espaços em Educação, São Cristóvão, v. 8, n. 15, p. 207–222, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/revtee/article/view/3675 Acesso em: 26 jan. 2024.
KUHN, Thomas Samuel. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
KUHN, Thomas Samuel. A tensão essencial: estudos selecionados sobre tradução e mudança científica. São Paulo: Editora UNESP, 2011.
KUHN, Thomas Samuel. O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos. São Paulo: Editora UNESP, 2017.
KUHN, Thomas Samuel. Função do dogma na investigação científica. In: DEUS, J. D. de. (Org.). A crítica da ciência. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 35-80.
LOCH, Mathias Roberto. Atividade física e saúde nos programas de pós-graduação no brasil: breve análise a partir de Tomas Kuhn. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 46–51, 2012. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/531 Acesso em: 26 jan. 2024.
NAHAS, Markus Vinicius; GARCIA, Leandro Martin Totaro. Um pouco de história, desenvolvimentos recentes e perspectivas para a pesquisa em atividade física e saúde no Brasil. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 24, n. 1, p. 135-148, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbefe/a/j5ZDLF8Wq8DXXSLxMjzmfqD/# Acesso em: 10 jan. 2024.
OLIVEIRA, Bruno Assis de; CUSTODIO, Mariana Lopes. A “hostilidade para com a teoria” nos estudos do lazer produzidos no Brasil no século XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 45, p. e20230050, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbce/a/qMQp7Sc6Yvs6BnxJJckSfsN/# Acesso em: 5 jan. 2024.
PIMENTEL, Maria Olinda. Por uma formação científica possível. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, [S. l.], v. 1, n. 9, p. 103 – 125, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/4984 Acesso em: 5 jan. 2024.
REZER, Ricardo. Tempos de epistemofobia? Epistemologia e prática pedagógica no campo da educação física brasileira. In: GALAK, E.; ATHAYDE, P. LARA, L. (Org.). Por uma epistemologia da educação dos corpos e da educação física. Natal -RN: EDUFRN, 2020, v. 1, p. 113-126.
REZER, Ricardo. Entre negacionismos e a entronização da ciência: a epistemologia como campo de possibilidades para a formação universitária (no campo da Educação Física). Motrivivência, v. 34, n. 65, p. 01 – 15, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/89858 Acesso em: 25 jan. 2024.
SAUTCHUK, Carlos Emanuel. Crise de paradigma; mudança de identidade; regulamentação: notas para o estudo da educação física brasileira atual. Conexões, n. 5, p. 116, 2008. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8638153 Acesso em: 26 jan. 2024.