Resumo

Esta dissertação analisa a cobertura do Plano Cruzado nas revistas Istoé e Veja. Lançado em fevereiro de 1986 pelo governo Sarney, o objetivo principal do pacote econômico, que durou até novembro, era combater a inflação. Parte relevante do sucesso do Plano se deveu ao maciço engajamento popular. Naquele contexto, o jornalismo desempenhou papel de fundamental importância: por um lado, esclareceu a população; por outro, teve participação ativa e relevante na mobilização dos cidadãos em torno do Plano. O objetivo central deste trabalho é investigar o modo como o jornalismo atuou na cobertura do Plano Cruzado, pois ela inaugura um novo paradigma no jornalismo brasileiro. Ao realizá-la, a imprensa não apenas respondeu perguntas, mas renegociou seu lugar na sociedade. E, através do jornalismo econômico, conseguiu um novo estatuto de relação com o público. A análise do papel exercido pelo jornalismo na cobertura é feita de duas formas: tratando da cobertura em si; e buscando perceber como essa cobertura foi importante para redefinir o papel do jornalismo na nova ordem democrática. A análise é feita a partir das noções de enquadramento e autoridade, privilegiando os papéis cultural e político exercidos pelo jornalismo. Como o jornalismo cobriu o Plano? Que papel reivindicou para si nesta? E a partir desta cobertura - de que forma a atuação dos "fiscais do Sarney" era relacionada pelas revistas à cidadania e ao consumo? Que implicações a forma de atuação das revistas semanais naquela cobertura pode trazer para a reflexão acerca do papel da imprensa na democracia brasileira?