Resumo

O presente estudo é apresentado como Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel), enquadrando-se na linha de pesquisa Prática Pedagógica e Formação Profissional. Dedica-se à compreensão da trajetória de estudantes de Graduação em Educação Física, negros e negras, ingressantes por cotas étnico-raciais, investigando como esses percebem a construção de suas identidades e como experienciam o racismo em suas vidas. Visa entender como tais estudantes estão vivenciando seus processos de identificação social e suas trajetórias na graduação. Além disso, busca-se apreender-se como esses processos de identificação podem ter sido influenciados por políticas públicas de ações afirmativas. A política de ação afirmativa que aqui será analisada é a Lei nº 12.711/12, contextualizando-as , em particular, no âmbito da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel), através de análise de dados estatísticos da realidade, desde o momento em que a Universidade começou a receber estudantes cotistas étnicosraciais. O nosso estudo procurou relacionar os dados apresentados pelas principais plataformas de pesquisas e censo demográficos do Brasil (IBGE, IPEA, FBSP, IFES) e também notícias e pesquisas que problematizem esses dados da realidade relacionadas ao tema condutor deste trabalho: as relações raciais. Dessa forma, a metodologia de nosso estudo se fundamenta no materialismo histórico dialético ou, em outras palavras, na dialética marxista. Esse método baseia-se em instrumentalizar o conhecimento da realidade, no caso, a realidade dos negros e negras. A Educação Física (EF) historicamente teve em sua prática fortes interesses de relações políticas e todas com certo viés ideológico; a citar o que ocorreu em seu surgimento, quando buscava formas de “embranquecimento” nas suas práticas pedagógicas registradas ao longo de sua atuação, na educação brasileira. Com as práticas elitistas na educação, a EF, por longos anos, carregou a responsabilidade de concepções de eugenia e higiene que foram largamente disseminadas nas décadas de 30 e 40 nas escolas do Brasil. Nesse sentido, a Educação Física acaba por seguir os mesmos antagonismos da educação como um todo, já que segue a organização do poder que visa disciplinar o trabalhador para os objetivos do processo de trabalho e valorização do capital.

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