Resumo

Muitos indivíduos planejam sua carreira de acordo com os objetivos de vida. Para o atleta de alto rendimento, a carreira esportiva apresenta características particulares por ser mais dinâmica e ter ciclo mais curto que outras mais tradicionais. Teorias de carreira esportiva ainda são pouco estudadas na academia e, por esse motivo, justificam-se estudos que investiguem a carreira do atleta, uma vez que, em geral, há pouca ou nenhuma preparação para que esse profissional continue trabalhando após sua aposentadoria. O foco deste trabalho está nessa transição, já que os desafios enfrentados pelos atletas são complexos quando deixam suas práticas de alto desempenho para ter uma nova atuação. Nesse contexto, o objetivo geral deste trabalho foi identificar e analisar os fatores que influenciam o processo de transição no encerramento da carreira esportiva do atleta de alto rendimento. Buscou-se compreender as características desses fatores e seus consequentes resultados, com a intenção de relacionar os resultados de carreira classificados como positivos com as características da transição para a aposentadoria. Para atender a esse objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa com base em modelos teóricos de transição de carreira na aposentadoria: modelo adaptado de Feldman e Beehr (2011) e de Hesketh, Griffin e Loh (2011), modelo de transição de Nicholson (1990), e modelo de desenvolvimento de Higgins e Kram (2001). A amostra da pesquisa abrange 13 ex-atletas de modalidades individuais - dez disputaram os Jogos Olímpicos, dos quais seis são medalhistas - que encerraram sua carreira atlética nos últimos dez anos. Foram conduzidas entrevistas em profundidade, com um roteiro de 21 questões abertas e coletados dados secundários disponíveis na internet. A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo. Em relação aos resultados, as transições de carreira foram bem realizadas, dando sua continuidade no contexto esportivo, ou não. É importante entender que a carreira de um profissional contemple não apenas a carreira Olímpica (que está contida na carreira atlética), mas também algo mais amplo (chamado de carreira esportiva), quando o atleta passa a ter uma nova atividade de trabalho na sua modalidade. Outra descoberta é em relação às carreiras objetiva e subjetiva bem sucedidas, pois não era esperado que os ex-atletas estivessem com renda financeira maior do que antes, nem que estivessem tão satisfeitos com ambos os momentos das carreiras. Também foi relevante verificar a importância da manutenção de uma rede de desenvolvimento forte, diversa ou não, para que a transição para a aposentadoria seja positiva, e que o processo de transição começa a ocorrer na própria carreira atlética. As contribuições deste trabalho foram direcionadas aos atletas, aos indivíduos que estão nas suas redes, às organizações esportivas, às universidades, aos pesquisadores da área de Administração e aos gestores de políticas públicas.

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