Resumo

Este trabalho da linha de pesquisa, Cultura e Processos Educacionais, interroga o sentido e a finalidade das reformas acadêmicas do ensino de graduação da Universidade Federal de Goiás, realizadas a partir de 1982 e de 2002, respectivamente. Trata-se de uma pesquisa teórica de caráter histórico e filosófico que se fundamenta no estudo dos documentos e textos publicados sobre o tema. O exercício da reflexão sobre as principais idéias, proposições e argumentações tem a intenção de compreender as contradições e relações entre as reformas do ensino de graduação da UFG e as transformações históricas, o contexto social, político e econômico no qual elas se inserem, bem como o nascimento da universidade que se constituiu na Idade Média como instituição social de formação humana. Com o advento da Modernidade, da sociedade capitalista, do ideário liberal e neoliberal, com a ascensão e o poder da ciência, da tecnologia e da pesquisa, a universidade é reestruturada e caminha na lógica do funcional, do operacional e do organizacional, assumindo-se como organização administrada nos moldes da gestão empresarial. O estudo teórico pensa a origem e o sentido da universidade brasileira como instituição e seu processo de racionalização modernizadora que se iniciou oficialmente com a Reforma Universitária de 1968, cujas referências foram os princípios de burocracia, produtividade, eficácia e flexibilidade, seguindo o modelo administrativo das universidades e empresas norte-americanas. A pesquisa documental sobre a reforma acadêmica do ensino de graduação de 1983 mostra que, desde sua criação em 1960, a UFG adere aos princípios dessa Reforma Universitária; contextualiza a UFG na década de 1980 e chega à conclusão que ao estabelecer a crítica ao sistema de créditos e instaurar o seriado anual, a reforma de 1983 teve como finalidade a busca do sentido de universidade como instituição social de formação e o exercício de sua autonomia. A discussão das reformas neoliberais e da universidade operacional da década de 1990 apresenta o contexto da reforma do ensino de graduação da UFG de 2002, em que o regime de matrícula por disciplina e a semestralidade das atividades acadêmicas foram retomados. Por fim questiona a proximidade da reforma de 2002 aos princípios da Reforma Universitária de 1968 e ao sentido de universidade como organização administrada para a profissionalização e para o desenvolvimento da pesquisa.

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