A Universidade e os desafios da formação pós-graduada
Por António Marques (Autor).
Resumo
1. Num tempo de extraordinárias mudanças económicas e demográficas, a educação superior tem hoje um significado muito diferente do que tinha meio século antes. Na origem destas alterações está a transição económica de uma sociedade largamente baseada na agricultura para uma sociedade industrial e, mais contemporaneamente, para uma economia de serviços pós-industrial. Neste contexto, a revolução científica e tecnológica está a abrir novas possibilidades de desenvolvimento nas sociedades, uma classe média crescente está a criar uma demanda sem precedentes no acesso à educação superior, e os modelos de financiamento do ensino superior - tidos por seguros durante décadas - começam a ser postos em causa. Também as economias emergentes, em desenvolvimento, têm vindo a colocar a educação no centro das suas prioridades, com repercussão na expansão dos sistemas de ensino superior e numa mobilidade acrescida de estudantes internacionais. Resultados de alguns estudos têm mostrado que quanto maior é o número de estudantes que atingem qualificações superiores, maior é a procura por níveis de educação mais avançados. De facto, subjacente ao crescimento do número de estudantes de pós-graduação está a massificação do ensino superior, a qual tem possibilitado a uma população cada vez mais vasta uma educação que vai além do primeiro ciclo de ensino. À medida que o mundo se torna mais competitivo e as economias mais integradas, há evidência de que o primeiro grau de formação já não é suficiente e se faz necessário investir em qualificações mais elevadas. Esta tendência já não traduz, apenas, a vontade de cada indivíduo deprocura de melhores oportunidades de emprego, mas também o esforço coordenado dos governos de muitos países de criação de forças de trabalho altamente competentes. Com efeito, a especulação sobre as razões pelas quais a educação pós-graduada se tornou um tema central na agenda dos governos e das universidades apoia-se na crença de que a economia do conhecimento do Séc. XXI requer trabalhadores com conhecimentos avançados, capazes de resolver problemas complexos usando competências intelectuais e analíticas sofisticadas. Uma economia com postos de trabalho de um tipo novo que exigirão tarefas menos rotineiras, mais complexas e, também, mais exigentes.