Integra

Professores, dirigentes universitários e Governo, ao discutirem a Universidade Pública brasileira nos anos 80, defendiam que a Extensão Universitária, como instrumento acadêmico, deveria articular o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabilizar transformações sociais. Tendo por pressuposto que a Pesquisa e o Ensino deverão respeitar a relação direta com a sociedade, num processo interdependente de experiências, independentemente da função Extensão Universitária, esse novo repensar sobre os rumos da Universidade por tal função, como possibilidade concreta para efetivar uma nova instituição universitária, apresentou-se de modo questionável para a pesquisadora. Portanto, constituiu a preocupação desse trabalho a hipótese de que Pró-Reitores de Extensão, com sua política administrativa universitária, ao procurarem enfatizar a Extensão Universitária como principal responsável pela articulação entre o Ensino e a Pesquisa, põe em evidência a crise da Universidade brasileira, tornando público, ainda, que o desempenho acadêmico e científico está desconectado dos objetivos sociais, curriculares e institucionais e, diante disso, professores universitários de Educação Física, impregnados do discurso de que essa função prioritariamente garante a relação Sociedade - Universidade e atua como redentora dos problemas sociais e acadêmicos (formação profissional), contribuem para um processo de descaracterização das funções do Ensino e da Pesquisa. Nessa perspectiva, constituiu-se objetivo desse trabalho analisar o processo de construção da concepção Extensão Universitária que sustenta as políticas implantadas no percurso histórico da Universidade brasileira, desde sua origem até os dias atuais e, especialmente, averiguar como está sendo caracterizada a Extensão Universitária em Educação Física na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Universidade Estadual Paulista (UNESP - Rio Claro). A coleta dos depoimentos se efetivou por meio da realização de entrevistas semi - estruturadas com 05 docentes do Departamento de Educação Física da UNESP/Rio Claro e 05 da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. Registrou-se no tempo presente, mediante fonte oral, o pensar de um grupo de docentes na história das relações entre as forças intelectuais, políticas, econômicas e sociais da Universidade. Concluiu-se que se hegemonia significa estabelecer lideranças política e intelectual na vida social, que correspondam ao interesse da sociedade em geral, distante está a Universidade desse princípio e a análise dos depoimentos evidenciou tal fato. Projetar uma outra Universidade significa uma nova orientação acadêmica de Extensão, Ensino, Pesquisa, Universidade, Sociedade, Ciência, Comunidade, Professor, Alunos, Indivíduos e suas inter-relações; significa também a necessidade de uma reforma intelectual, ligada a uma orientação político - cultural mais ampla e a Extensão não revela essa dimensão ampliada que, muitas vezes, os depoimentos pretendem. A relação teoria e  rática da Educação Física somente se concretizará através de uma reavaliação do que tem sido o ensino de graduação e dos cursos de pós - graduação com relação às suas pesquisas. Aí, sim, vislumbrar-se-á um intelectual orgânico, que dará coesão   relação Universidade e Sociedade.

Acessar