Resumo

A literatura mostra que altas taxas de criminalidade estão associadas a prejuízos na saúde. No entanto, ainda são escassos os estudos que avaliam a influência de diferentes tipos de crime sobre a prática de atividade física de lazer (AFL), especialmente no contexto brasileiro.Objetivo: Investigar a associação entre violência comunitária (tipos de crimes) e a prática de AFL em adultos.Métodos: Foram analisados dados de 2.565 adultos (18 a 60 anos) residentes na cidade do Rio de Janeiro em 2019 no estudo CAL-Rio. A frequência de AFL foi mensurada por meio de pergunta estruturada autorreferida (não pratica AFL, 1 vez, 2 ou mais vezes por semana). A violência comunitária foi avaliada por taxas de crimes contra o patrimônio, crimes interpessoais não letais e letais, calculadas por bairro de residência no período de coleta de dados. As taxas foram categorizadas em tercis. Modelos de regressão multinomial com pesos amostrais foram utilizados, ajustados por variáveis sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade e cor da pele).Resultados: Participantes que residiam em bairros com altas taxas de crimes contra o patrimônio apresentaram maior chance de praticar AFL duas ou mais vezes por semana (OR: 1,74; IC95%: 1,20-2,53). Para crimes letais, os moradores de áreas com taxas médias e altas também apresentaram maiores chances de praticar AFL ≥2 vezes/semana (OR: 1,52; IC95%: 1,06-2,17 e OR: 1,42; IC95%: 1,00-2,00, respectivamente).Conclusão: Apenas crimes contra o patrimônio e letais se associaram a maiores frequências de AFL. Crimes não letais e a prática de AFL uma vez por semana não mostraram associação com os níveis de violência nos bairros estudados.

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