A Vista do Meu Ponto: Entrevista com Lino Castellani Filho
Por Lino Castellani Filho (Autor), Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizador).
Em Revista do Leo, n 54, 2021. Da página 17 a 20
Resumo
História que não se conta - temos História?
Claro que sim! Não há hipótese de ser diferente. A EF é invenção dos Homens (seres sociais), logo construção histórica. Em sendo construção histórica, só a história a explica.
Que crise é esta? novamente estamos vivendo uma crise... dá para comentar?
Não vejo crise na EF. Entendo que ela vai bem. Nunca tivemos alternativas de trabalho
pedagógico como nos atuais tempos. O que temos é uma política educacional avessa ao campo das Humanidades, lugar que a EF passou a ocupar - de forma mais consciente - a partir do denominado "Movimento Renovador" lá da década de 1980. A Educação Escolar, inerente à essa Política Educacional não valoriza sua presença no âmbito da Educação Básica, da mesma forma que não valoriza as ciências sociais e humanas, as artes, a filosofia. Advogam uma formação acrítica voltada à inserção subalterna dos futuros trabalhadores no mercado de trabalho, submisso aos interesses do primeiro mundo, do capitalismo central, em uma lógica geopolítica reforçadora
do nosso lugar de país subdesenvolvido, de capitalismo periférico.
O que está acontecendo com a educação física? acabou?
Como aponto acima, digo que não só não acabou como nunca teve tantas opções pedagógicas para subsidiar sua ação pedagógica. O que vem ocorrendo é um esforço deste governo de acabar com a educação pública - vide seu sucateamento, as péssimas condições de trabalho nelas presentes, a indecente remuneração dos trabalhadores da educação -, e com tudo mais que não se vincule ao objetivo de mostrar ao mundo, que existe aqui mão-de-obra barata, semi-qualificada, incapaz de desenvolver tecnologia, e minimamente capaz de manipular tecnologia importada do 1º mundo, portanto, pronta a atender ao mercado globalizado. Por sua vez, tal concepção de política educacional minimiza a necessidade de políticas públicas, que permitam aos professores acesso ao
debate acerca do processo de conhecimento presente na nossa área acadêmica, inibindo a interlocução entre os que estão no cotidiano escolar e os que formam esses professores, como também dificultando o acesso ao próprio conhecimento produzido, o que conduz à reprodução de práticas pedagógicas já sedimentadas entre eles pelo tempo.