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Gente, a vacina está quase chegando! Dizem que depois disso tudo voltará ao normal. Tudo faz crer que glomerar é mais desejado do que ganhar na loto.

Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, não obstante, senão é preciso muita calma para que a coisa não fique pior do que já está.

Estudo feito pela Universidade de York junto com a Unicamp, e publicado pela Fapesp, aponta que mesmo com a vacina, os EUA levarão ao menos 300 dias para vencer a covid-19. Como chegaram a isso? Com ciência. Desenvolveram um modelo matemático que avaliou o impacto da imunização a curto prazo. Apontam que de nada adiantará a vacina se as medidas de proteção e distanciamento forem abandonadas como se tudo já estivesse resolvido.

Ou seja, o pesadelo ainda não acabou. É preciso exercitar paciência com a mesma determinação que um atleta tem para chegar aos Jogos Olímpicos. Significa ainda abrir mão de pequenos prazeres como viajar com os amigos para a praia nesse verão maravilhoso ou mesmo aglomerar num boteco qualquer em busca de algumas horas prazerosas... ai que saudade que dá de tomar uma cerveja gelada comendo um bolinho de bacalhau no São Cristóvão. Ainda chegará essa hora, mas o momento não é agora.

Não adianta fazer de conta que está tudo bem porque estamos em fase amarela porque isso se tornou tão irreal quanto o presente deixado na beira da cama dia 24 de dezembro, pelo Papai Noel. Acredita que quiser, mas existem provas mais do que concretas de que ele não existe. 

Nessa onda de negacionismo vemos o que está acontecendo com os campeonatos esportivos mundo afora. Criadas as bolhas para “proteger os atletas” o que se vê são campeonatos mundiais, como o de handebol, com seleções desfalcadas de atletas e comissões técnicas contaminados ao longo da preparação. Ainda assim “the show must go on”! 

E os campeonatos que estão acontecendo mostram o resultado de meses de treinamentos precários: óbvia redução do nível técnico, mesmo concentrados os atletas mostram as sequelas do temor da contaminação ou da perda de entes próximos, desfiguração daquilo que se poderia chamar de espetáculo esportivo.

Entretanto, o show tem que continuar. E se a torcida não pode se aglomerar dentro do estádio, o faz pelas ruas, mesmo sem vacina.

Isso aponta para os rumos dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Autoridades locais e olímpicos afirmam categoricamente que tudo está pronto, com vídeos e informações das instalações e dos preparativos. Enquanto isso 80% da população japonesa refuta essa realização temendo o aumento da contaminação dos cidadãos que receberão, no melhor estilo nipônico, amantes do esporte de todo o mundo.

Enquanto isso, Cronos faz a sua parte, fazendo o tempo correr independentemente da vontade humana. A nova data para os Jogos já está marcada e no melhor estilo faz-de-conta seguem os preparativos da festa.

Pensando novamente no estudo sobre os efeitos da vacina sem os demais cuidados é difícil acreditar que os milhares de atletas, comissões técnicas e árbitros do mundo inteiro possam passar por protocolos que garantam a segurança de quem está no ambiente. 

Enquanto isso resta lamentar pela saúde de quem está exposto, seguindo ordens expressas para que tudo transcorra conforme o plano original. Não se pode voltar aonde não se foi. Não se pode exigir resultados diante de condições tão adversas. Pior ainda é dizer que mesmo assim os resultados obtidos não foram satisfatórios o suficiente.