Resumo

Este trabalho tem por objetivo problematizar como as discursividades dos documentos governamentais constituem uma marca identitária nas crianças e jovens caracterizados como em situação de "vulnerabilidade social", orientando os pertencimentos e as possibilidades associadas a eles. Na busca de subsídios que possibilitassem um olhar, um modo de enxergar a realidade, não para narrá-la, mas sim na acepção de estabelecer um diálogo sensível a ela é que foi utilizada uma fundamentação teórica pautada nos princípios do pós-estruturalismo como norteadores da presente investigação. Tal proposta baseia-se na análise de ferramentas conceituais operativas, tais como: o discurso como gerador e gerenciador de identidades, o sujeito neoliberal e seus marcadores identitários e o corpo como uma construção social e cultural. Constata-se que esses indivíduos, caracterizados como "asematizáveis", com seus saberes-poderes, passam a constituir arranjos sociais, definidos através de um marcador identitário, a vulnerabilidade social, que se expressa principalmente no corpo. Desta forma são organizadas instituições que visam um governamento de ações individuais e coletivas, refletindo nas estratégias de governo e de governamentalidade destas pessoas.