Resumo
Embora existam aplicações clínicas de esteróides anabólicos androgênicos (EEA), também há abuso generalizado destas substâncias por estarem relacionadas ao aumento da massa muscular e força. O uso indevido de EAA é um problema complexo, pois conduziu ao abuso destes compostos, a princípio por competidores de alto nível, alcançando também áreas de atividade física em geral. O objetivo deste trabalho foi investigar alterações bioquímicas e fisiológicas em músculos esqueléticos de ratos submetidos à imobilização tratados com decanoato de nandrolona (NA), com foco de análise nas reservas de glicogênio, suas relações quimio-metabólicas e moleculares. Foi avaliado o efeito da NA sobre as reservas de glicogênio, a concentração de proteínas e análise molecular, em músculos de ratos desnervados. Uma análise do perfil eletrocardiográfico também acompanhou a análise. Foram utilizados ratos Wistar, divididos: grupo controle (C), controle tratado com nadrolona (0,7mg/Kg/semana, N7), controle tratado com o nadrolona (5mg/Kg/semana, N5), imobilizado (I), imobilizado tratado com nandrolona (0,7mg/Kg/semana, IN7) e imobilizado tratado com nandrolona (5mg/Kg/semana, IN5). O conteúdo de glicogênio foi analisado no ventrículo (V), fígado (F) e nos músculos sóleo (S), gastrocnêmio branco (GB) e gastrocnêmio vermelho (GV), por meio do método fenol sulfúrico. Análise da proteína total foi realizada no S, pelo método colorimétrico, através de um kit laboratorial. Na análise biomolecular, foi utilizado o método Western Blot. Na análise estatística foi aplicado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, seguido do pós-teste de Tukey. Os resultados mostraram que a dose 5mg/kg/semana de nandrolona comprometeu o perfil eletrocardiográfico e não demonstrou efeito benéfico para a musculatura imobilizada. Por outro lado, na dose 0,7mg/kg/semana a nandrolona promoveu melhora nas reservas glicogênicas dos músculos imobilizados além de exercer ação anti-catabólica onde expressa ação por duas vias, uma direta onde promoveu ação enquanto secretagogo e uma indireta a partir da ativação da via insulínica tecidual, condição em que promoveu a ativação das enzimas AKT e mTOR responsáveis pela manutenção das condições energéticas e da massa muscular. Conclusão: Nandrolona na dose de 0,7 mg/Kg/semana foi eficiente em prevenir os efeitos deletérios que acompanham o processo de desuso da musculatura esquelética, mantendo condições próximas ao músculo controle, sendo sugestivo sua utilização enquanto ferramenta farmacológica envolvida na preservação da homeostasia tecidual, fator facilitador da recuperação funcional.