Ação humana acoplada e esporte ancestral: conceitos e aplicações para uma prática corporal sustentável

As mudanças climáticas impõem desafios para preservação da vida. A Agenda 2030 indica ações para enfrentar esses desafios em 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), dos quais nos interessa: 11º.  Cidades e Comunidades Sustentáveis; 13º. – Ação contra mudança global do clima. O objetivo foi (1) diversificar o conceito de Ação Humana Acoplada (AHA) em três vias de aplicação e (2) e delas elaborar o conceito de Esporte Ancestral. O método foi revisão integrativa com pesquisas teórica e conceitual de acordo com Armando Machado e col. (2000). O conceito de AHA foi desenvolvido com três aportes teóricos: (a) Conceito de Affordance de James Gibson (1966) e Edward Reed (1996) com foco no ciclo percepção-ação e na experiência de primeira mão; (b) Conceito de Alienação por Karl Marx (1867/2017) que levou à noção de Fratura Metabólica na interação da humanidade com o uso da terra na agricultura; (c) Cognição Encarnada e Desenvolvimento da ação (Felício & Manoel, 2014). Do que se propõe AHA como conexão com a natureza pelo i. Agir de modo a não exaurir a capacidade de renovação do meio ambiente; ii. Respeitar, conservar, restaurar a diversidade da fauna e flora. A Conexão com a Natureza (CN) é uma função tridimensional: CN= f (M:Ap:Aç), onde Manejo (M) corresponde a ganho de biomassa; Aptidão (Ap) corresponde a ganho energético otimizado; Ação (Aç) corresponde à capacidade de tornar ambientes físicos e sociais em espaços de ação: pessoal, social e coletivo. Como parte da pesquisa um programa de prática corporal sustentável foi elaborado de modo a tornar o ambiente físico e social em: Espaço Pessoal – ação de consciência ambiental; Espaço Social – ação de manejo e restauração; Espaço Coletivo-ação de transformação com conscientização e promoção da sustentabilidade (Felício & Manoel, 2021). Na continuidade da pesquisa teórica-conceitual propomos o AHA como prática corporal com atividades física e esportiva sustentáveis com três vias entrelaçadas: (a) Fruição: experiência no se mover corporal com exploração de affordances com a natureza predominante (p.e. trilhas terrestres/aquáticas); (b) Monitora: experiência pelo mover-se corporal em ambientes de preservação para observar, registrar e preservar fauna e flora na dinâmica da ciência cidadã; (c) Transformadora: experiência no e pelo mover-se corporal para manejo, regeneração e cultivo com geração de biomassa (p.e. criação de espaços sustentáveis de mobilidade, como trilhas, e de cultivo, como hortas). Da intersecção das três vias de AHA propõe-se o conceito de Esporte Ancestral. Esporte entendido como prática corporal de desafio pessoal, social e coletivo centrada nas relações flexíveis entre meios [formas de se mover] e fins [resultados], tendo como ênfase a cooperação entre pessoas ao invés do conflito e competição, logo a superação se dá pelo grau de coesão quantificado pelo resultado, por exemplo, ganho de biomassa. Ancestral como forma de resgate e reconhecimento de práticas ancestrais de povos originários e afrodescendentes de convívio e manejo dos ambientes com natureza predominante. Esporte ancestral envolve, como outras práticas esportivas, motivação, espírito coletivo, flow, aptidão e performance e acrescenta ainda educação ambiental em ações de manejo, regeneração e cultivo.

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