Acelerometria em Pacientes Hospitalizados: Padronização de Método de Aferição

INTRODUÇÃO: A acelerometria é considerada um método padrão ouro para avaliação do nível de atividade física em sujeitos saudáveis e em portadores de doenças crônicas ou agudas. Esta informação tem sido cada vez mais usada em ambiente hospitalar na predição de desfechos funcionais, complicações e de qualidade de vida em pacientes cirúrgicos, clínicos e críticos durante a internação e após a alta hospitalar. Porém, diferentemente de sujeitos da comunidade, não existe padronização para este tipo de avaliação na população hospitalizada até o momento. OBJETIVOS: 1) Testar a calibração do acelerômetro na detecção de atividades de diferentes intensidades em pacientes hospitalizados através da calorimetria indireta; 2) Comparar os dados fornecidos pela acelerometria feita no punho e na cintura de pacientes hospitalizados; 3) Avaliar o tempo mínimo (em dias) necessário de acelerometria para estimar com segurança o nível de atividade física de pacientes hospitalizados. MATERIAIS E MÉTODOS: 73 pacientes não restritos ao leito, consecutivamente internados em duas enfermarias do IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) foram avaliados. Inicialmente, 20 pacientes realizaram tarefas rotineiras propostas em diferente intensidades (muito leves, leves e moderadas) dentro de um ambiente hospitalar utilizando um calorímetro portátil modelo MetaCheck (Korr, USA) e dois acelerômetros modelo Actigraph GT3X (Actigraph Corp., USA), sendo um colocado no punho do membro dominante e outro na cintura. Além disso, outros 53 pacientes utilizaram dois acelerômetros modelo Actigraph GT3X (Actigraph Corp., USA), sendo um no punho do membro dominante e outro na cintura, durante 5 dias consecutivos na sua rotina hospitalar normal. As variáveis quilocalorias gastas, consumo de oxigênio, metabólicos equivalentes, número de passos dados, tempo em inatividade, tempo em atividades de diferentes intensidades e total de movimentos por minuto foram analisadas tanto pelo calorímetro como pelo software de análise Actilife 6 (Actigraph Corp., USA). Para comparar as análises do gasto calórico medidas pela acelerometria e pela calorimetria indireta em cada atividade de diferente intensidade, foram usadas ANOVAs de um fator e correlação de Spearman. Para determinar o mínimo tempo suficiente para avaliar adequadamente o nível de atividade física, as médias de todas as varáveis registradas foram comparadas pela ANOVA de um fator. A concordância entre os dias foi calculada pelo coeficiente de correlação intraclasse e o teste de confiabilidade de Spearman-Brown. As variáveis foram descritas como média e desvio padrão se distribuição normal, e mediana e intervalo interquartil (25% e 75%) se caso contrário. RESULTADOS: Na primeira etapa, dos 20 pacientes avaliados, 9 eram homens, a mediana de idade foi de 61,5 anos, peso 71 kg e IMC 28,1 Kg/m2. Na comparação entre as medidas de Kcal (quilocalorias) gastas nas diferentes atividades propostas (muito leves, leves e moderadas) estimadas pelo calorímetro e acelerometria no punho e na cintura, os resultados mostraram que existe diferença nas medidas de Kcal gastas entre os três instrumentos. Houve correlação positiva moderada entre a medida de MET através do acelerômetro do punho com as medidas de Kcal da calorimetria. Na segunda etapa foram avaliados outros 53 pacientes, onde 23 eram homens, a média de idade foi de 62,5 anos, peso 72,3 kg e IMC 27 Kg/m2. Na comparação dos 5 dias de avaliação da acelerometria entre punho e cintura, houve diferença entre os locais de aferição, sendo valores melhores obtidos com os acelerômetros colocados no punho. Não houve diferença entre os 5 dias de avaliação das variáveis analisadas (Tabela 1), uma excelente concordância entre os dias e boa confiabilidade de 1 dia de avaliação quando comparado aos demais.Tabela 1- Comparação entre os 5 dias (7.200 minutos) de avaliação feita pela ANOVA de um fator (n=53). Kcal=quilocaloria, min=minutos. CONCLUSÕES: A acelerometria avaliada pelo punho e pela cintura parece não estimar de forma adequada o gasto energético quando comparado à calorimetria indireta, em atividades muito leves e leves, que são a maioria das atividades na rotina de internação hospitalar. Já em atividades moderadas, a acelerometria no punho teve uma boa correlação com os dados de gasto energético obtidos pela calorimetria. O local mais adequado para a colocação do acelerômetro para avaliação de atividade física nesta população é o punho. Um único dia de avaliação do perfil de atividade física dos pacientes hospitalizados é suficiente para a detecção do nível de atividade desta população. 

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