Resumo

É sabido que um namorado nunca se cansa de dizer maravilhas da namorada. E que a paixão é por natureza desmedida e excessiva e leva a quebrar todos os onselhos regras da etiqueta, da descrição, da contenção e do pudor. Assim não me vai ser fácil vigiar a emoção e impedir que la se ponha no dorso das palavras e que estas cavalguem à rédea olta. Vou deixar que a lava do amor à causa da lusofonia, a sta terra, a todas as pátrias lusófonas e às suas gentes se derrame intensamente, por ela ser o alvo sublimado de esperanças e desejos insatisfeitos, de lembranças e sonhos revividos. Peço-lhes, portanto, caros   amigos, compreensão e condescendência e peço-lhes sobretudo que se sintam co-autores deste discurso, pois a atenção fatiga-se depressa em qualquer tarefa se a alma não se envolver com ela. Mais, proponho que façamos deste momento uma comunhão festiva e que assumamos a condição, o papel e o juramento e abelhas diligentes e solidárias do mesmo cortiço. Para ue o embrião do nosso propósito vá crescendo pouco a pouco e atinja o tamanho do coração. Quem vos fala é um sujeito de franqueza desembainhada, um fulano rude, arisco, anguloso e agressivo, avesso a ciezas e salamaleques, não por opção sua, mas por condicionamento da terra de nascimento e das estações da vida. A sua isionomia é a das penedias  transmontanas, da fundura dos vales do Douro, da dureza dos relevos e do magma telúrico e medular que os anima. É daí que recebe alento, ousadia e força para vos conclamar para uma tenacidade mourejadora e para o xercício da responsabilidade de guarda e transmissão do testemunho ue aqui e agora deposito nas vossas mãos.

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