Integra

INTRODUÇÃO:

Atualmente no Brasil existem 24,5 milhões de indivíduos portadores de necessidades especiais, os quais 40% apresentam algum tipo de problema relacionado à locomoção, incluindo tetraplegia, paraplegia, hemiplegia ou a falta de algum membro. Estes índices se tornam ainda menores em relação aos indivíduos que freqüentam algum tipo de escola ou universidade, apenas 1,3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência física também com problemas de locomoção fazem parte desta minoria. Um fator bastante relacionado com esta realidade é a questão da acessibilidade, a dificuldade de acesso a lugares públicos e aos meios de transporte coletivo contribui para a exclusão social desta população. A constituição brasileira garante o direito de ir e vir para todas pessoas, as leis, que tratam deste tema, regulamentam obras, edificações, calçadas e estruturas físicas dimensionando estes locais para permitir o acesso de toda e qualquer pessoa, independente de suas medidas corporais, ou que façam uso de implementos que auxiliem na locomoção humana.

Entretanto algumas destas leis, não dimensionam espaços físicos para usuários de cadeira de rodas triciclo, uma variação de cadeira de rodas, onde o cadeirante aplica uma força com os membros superiores em um sistema mecânico de pedal, idêntico a uma bicicleta. Desta forma objetivou-se para este estudo verificar a acessibilidade em vias e prédios públicos de usuários de cadeira de rodas triciclo nas cidades de Rio Grande e Pelotas (RS).

METODOLOGIA:

A amostra, selecionada intencionalmente, foi composta por seis usuários de cadeira de rodas triciclo, com idade média de 44,7  9,81 (anos), massa corporal média de 55,6  6,3 (kg) e tempo médio de uso da cadeira de rodas triciclo de 19,5  10,4 (anos). Os dados foram coletados mediante a utilização de um questionário, validado, com perguntas abertas e fechadas investigando as questões relativas à acessibilidade desta população em vias e prédios públicos nas cidades de Rio Grande e Pelotas (RS).

RESULTADOS:

Verificou-se que os indivíduos que usam este tipo de implemento conseguem desenvolver mais velocidade que a cadeira de rodas convencional, deslocando-se por distâncias maiores da periferia até o centro das cidades, desta forma necessitam de locais apropriados para este deslocamento. Entretanto as ruas e avenidas pesquisadas não apresentam nenhuma estrutura ou local para o uso da cadeira de rodas triciclo, a maioria das ruas que levam ao centro das cidades são de calçamento irregular, e nenhum via apropriada, do tipo ciclovia, foi encontrada. Os sujeitos da pesquisa relataram que dividem o trânsito com veículos automotores colocando suas vidas em risco constantemente. Além das ruas verificou-se que as calçadas também não apresentam condições mínimas para o deslocamento, pois a ausência de rampas, a presença de muitos buracos e postes de iluminação no meio do trajeto, dificulta o trânsito, tanto da cadeira de rodas triciclo como da cadeira de rodas convencional. O deficiente físico, na verdade, não tem dificuldades em relação ao acesso em nível educacional, entretanto os maiores problemas estão relacionados com as barreiras arquitetônicas. O aspecto mais importante desta pesquisa foi em relação ao acesso a prédios públicos e aos meios de transporte coletivo, no qual verificou-se que nenhum destes locais, nas cidades pesquisadas, possibilita o acesso de usuários de cadeira de rodas triciclo.

CONCLUSÕES:

Os usuários de cadeira de rodas triciclo esbarram em um problema de acessibilidade maior que os usuários de cadeira de rodas convencional, tanto em prédios públicos quanto nas principais ruas, o descaso do poder público no tratamento destas questões é uma das razões da situação atual. O espaço público pode unir ou segregar, desta forma para que ele cumpra sua função social, é necessário que proporcione tanto a integração de vários grupos ou comunidades, como também, a acessibilidade a todos os indivíduos. Desta forma a inclusão dos cadeirantes nas questões pertinentes às vias e ruas de acesso, assim como nos meios de transporte coletivo, deve ser visto não só como um problema de segurança de tráfego, mas também uma questão de bem-estar, saúde e qualidade de vida.