Resumo

A instalação de acidose metabólica antes de um exercício aeróbio pode causar prejuízo ao desempenho, resultando em alteração na contribuição de energia aeróbia e anaeróbia. Em provas de ciclismo, os atletas distribuem o ritmo de exercício (pacing) baseado na percepção de esforço, otimizando a energia gasta ao longo do exercício e evitando a ocorrência de fadiga prematura. Porém, não se sabe pouco se a acidose metabólica presente antes de um contrarrelógio de ciclismo é capaz de modificar o pacing, alterando a contribuição energética e o desempenho. Objetivo: Investigar os efeitos da acidose metabólica prévia a um contrarrelógio de 20 km (CR20-km) sobre o desempenho, pacing, lactato sanguíneo, VO2 e percepção subjetiva de esforço (PSE). Método: Nove ciclistas do sexo masculino (32,9 ± 6,8 anos, 70,0 ± 7,8 kg, 171,0 ± 6,9 cm, VO2pico de 55,7 ± 8,5 ml.min-1.kg-1) realizaram um CR20-km de familiarização e dois CR20-km intercalados por 3-7 dias, ou após nenhuma intervenção (controle; CON) ou após protocolo prévio de acidose metabólica (experimental; EXP). A acidose metabólica foi instalada por meio de 15 repetições máximas (15RM) em aparelho “Leg Press 45º”. Antes e durante o CR20-km (cada 2 km), 25μL de sangue arterializado foram obtidos (lóbulo da orelha) para a determinação da concentração de lactato sanguíneo. A potência mecânica (PO; W segmentos de 0,5 km), VO2 (respiração-a-respiração), PSE (cada 2 km) foram obtidos continuamento ao longo do teste. A PO foi analisada em função da distância nos 10% iniciais (0-km a 2-km), 80% intermediários (2-km a 18-km) e 10% finais do CR-20km (18 km a 20 km). As respostas de lactato, VO2 e PSE foram plotadas em função da distância. Comparações envolvendo desempenho (tempo de prova), e comparações de PO, lactato, VO2 e PSE ao longo do CR20-km foram realizadas por teste-t pareado e modelo misto de medidas repetidas (média ±DP; p < 0,05). Resultados: O lactato de repouso antes do CR20-km, mas não as medidas durante o exercício, foram diferentes (p = 0,03) entre as condições (CON= 1,2 ± 0,4 e EXP= 2,2 ± 0,8 mmol.L-1). O tempo de CR20-km não apresentou diferença entre as condições (CON – 28,51 ± 3,66, EXP – 27,68 ± 4,57, p = 0,104), não resultando em mudanças nas respostas de lactato, VO2 e PSE durante o CR20-KM (p > 0,05). A contribuição energética e o pacing também foram similares entre as condições (p < 0,05). Conclusão: Estes resultados mostram que a acidose metabólica prévia a um CR20-km não alterou o desempenho e pacing, nem as respostas fisiológicas ao longo do teste.