Resumo
A pesquisa objetiva compreender e problematizar as possibilidades de ações colaborativas para o processo de inclusão do público-alvo da educação especial nas aulas de Educação Física. Pretende, mais especificamente, contextualizar as relações atravessadoras nos processos inclusivos desse público na escola investigada e problematizar, na perspectiva colaborativo-crítica da pesquisa-ação, os movimentos que engendram os processos inclusivos produzidos junto às professoras colaboradoras, à professora regente, à pedagoga e ao professor de Educação Física. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, fundamentada na dinâmica da pesquisa-ação colaborativo-crítica, cuja perspectiva epistemológica promove mudanças em contextos educacionais, a partir de ações de corresponsabilização, adotando, como eixo central das dinâmicas estabelecidas, o meta-olhar crítico-reflexivo sobre si e sobre o contexto envolvido. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública de ensino fundamental, localizada no município de Cariacica, e contou com a participação da equipe escolar que compôs o pesquisador coletivo, sendo as duas professoras colaboradoras, o professor de Educação Física, a cuidadora, a pedagoga, o diretor e a pesquisadora. Na referida instituição, é ofertada a educação básica, com as modalidades de ensino fundamental I e a Educação de Jovens e Adultos. O processo de intervenção e a coleta de dados foram realizados no segundo semestre de 2019, com informações produzidas e registradas por meio dos seguintes instrumentos: entrevista semiestruturada com os profissionais da instituição — parte do pesquisador coletivo —, além de diário de itinerância com registros produzidos por observação participante e registros audiovisuais. Em 2020, os dados foram transcritos e organizados, passando pelo processo de análise categorial de conteúdos, momento que passou pelo período de pré-análise, quando ocorreu a leitura flutuante e a seleção dos documentos a serem analisados, bem como a formulação de hipóteses e a preparação do material, que foi explorado, codificado e categorizado com recortes das unidades, com os resultados interpretados por inferência. A partir da abordagem em espiral, foi possível empoderar e qualificar movimentos formativos inclusivos, comprometidos com a transformação da realidade investigada, e oportunizar a participação social ativa de todos os estudantes. Os resultados apontam que a experiência de trabalhar na perspectiva do ensino colaborativo permite a ampliação e a ressignificação dos conhecimentos objetivos e subjetivos em relação à prática pedagógica na perspectiva inclusiva, potencializando a participação do público-alvo da educação especial junto a outros alunos sem deficiência ou transtorno. Os movimentos inclusivos produzidos coletivamente revelaram o trabalho em coensino como uma possibilidade real de sucesso pedagógico mediante o compartilhamento de conhecimentos teóricos e práticos entre a equipe de trabalho, contribuindo assim para a melhoria da aprendizagem de todos os alunos, por meio da ampliação de conhecimentos referentes a diferentes formas de ensino que visam a objetivos comuns: a qualidade de ensino e a equidade de oportunidades educacionais a todos os alunos.