Resumo
O aconselhamento para a redução do comportamento sedentário tem se mostrado uma estratégia promissora a qual deve fazer parte de ações de promoção de saúde. No entanto, não existem estudos na América Latina que avaliaram a prevalência desta prática na Atenção Primária à Saúde. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar a prevalência de aconselhamento para a redução do comportamento sedentário e analisar os fatores associados em adultos usuários de Unidades Básicas de Saúde de São José dos Pinhais, Paraná. Estudo analítico, quantitativo, observacional, transversal, realizado em 2019, com amostra representativa de 779 adultos (70% mulheres), atendidos em 15 Unidades Básicas de Saúde (UBS), situadas na área urbana da cidade. Os participantes foram entrevistados face-a-face e o aconselhamento foi identificado entre aqueles que reportaram ter recebido algum aconselhamento para a redução do comportamento sedentário nos últimos 12 meses. Foram analisadas variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, estado civil, cor da pele, escolaridade, nível socioeconômico), de saúde (estado nutricional, diagnóstico de doenças crônicas e consumo de medicamentos), o acesso à serviços de saúde (número de visitas à unidade no último ano) e os comportamentos de risco à saúde (tabagismo, atividade física insuficiente e excessivo comportamento sedentário. Os dados foram analisados com a regressão de Poisson multivariável no SPSS 26.0 e o nível de significância foi mantido em 5%. A prevalência de aconselhamento foi de 12,2% (IC95%:10,0-14,0). As variáveis sociodemográficas sexo (“feminino”: RP: 1,78; IC95%: 1,11-2,85; p=0,015) e a faixa etária (“≥ 60 anos”: RP: 1,77; IC95%: 1,04-3,02; p=0,035), apresentaram associação positiva com o aconselhamento. A probabilidade de receber aconselhamento para a redução do comportamento sedentário também foi maior entre os obesos (RP: 2,72; IC95%: 1,38-5,36; p=0,004), aqueles que consomem 1 a 3 medicamentos de uso contínuo (RP: 1,91; IC95%: 1,02-3,58; p=0,042), e aqueles que permanecem um tempo igual ou superior a 1,8 horas por dia sentado (p<0,05). A maior magnitude de associação foi encontrada entre aqueles que permanecem pelo menos 6,2 horas por dia sentado (RP: 3,83; IC95%: 2,09-7,03; p<0,001). Conclui-se que um em cada 10 adultos recebem aconselhamento para a redução do comportamento sedentário e os grupos populacionais com maior exposição ao aconselhamento foram as mulheres, os idosos, obesos, os que fazem uso de um a três medicamentos diariamente e aqueles que permanecem prolongado período do dia em comportamento sedentário. Esta abordagem e resultados podem auxiliar os gestores e profissionais das equipes das Unidades Básicas de Saúde a implementar e direcionar ações específicas de aconselhamento para a redução do comportamento sedentário junto a grupos populacionais mais expostos ao baixo aconselhamento, como os homens, os adultos jovens, aqueles com peso normal, os que não consomem medicamentos de uso contínuo e os mais fisicamente ativos.