Resumo
Testes de laboratório e de campo são utilizados para avaliação da potência anaeróbia (PAn) e capacidade anaeróbia (CAn). Os testes de campo são alternativas práticas, de fácil acesso e em geral de baixo custo, considerados mais aplicáveis à rotina de avaliação em equipes de atletismo. O teste de Borsetto (TBor 200 m) é um teste de campo na qual o avaliado deve correr 1000 m em intensidade submáxima e em seguida 200 m em esforço máximo, para avaliar a velocidade de corrida gerada por potência lática. Este método minimiza a velocidade gerada por glicólise aeróbia, o que o torna um teste eficiente para avaliação anaeróbia. O tempo e a velocidade de corrida de 300 m tem sido utilizados para avaliação da CAn. Desta maneira o objetivo do presente estudo é verificar se a adaptação do Teste de Borsetto, com utilização da corrida de 300 m em esforço máximo após os 1000 m corridos em velocidade submáxima (TBor 300 m) seria mais eficiente que o TBor 200 m para esgotar a reserva anaeróbia (RAn) e, por essa razão, avaliar de forma mais específica a CAn de jovens corredores; verificar se o TBor 200 m e o TBor 300 m podem discriminar CAn entre diferentes grupos de corredores e verificar a relação entre as variáveis frequência cardíaca final (FC final.), Índice de fadiga (IF) e Lactato máximo (Lacmáx) com os resultados dos testes. Participaram do estudo 15 jovens do sexo masculino (8 velocistas e 7 meiofundistas) com média de idade de 17,0 ± 1,6 anos, massa corporal de 62,66 ± 7,67 kg, estatura de 176,34 ± 5,80 cm que treinam atletismo há no mínimo a 10 meses e no máximo a 96 meses. As avaliações ocorreram em 4 sessões, sendo realizados: Anamnese, avaliação antropométrica, Teste de Léger e Boucher para obter o pico de velocidade aeróbia (PVA); e em ordem randomizada, o TBor 200 m e o TBor 300 m, para obter: RAn, Lacmáx, IF, FC final e percepção subjetiva de esforço (PSE) de cada teste. A PSE final e a FC final indicam que os atletas realizaram esforço intenso nos testes. A RAn do TBor 200 m é maior que a RAn do TBor 300 m tanto para velocistas como para meio-fundistas, ambos os testes podem discriminar CAn entre os grupos. Os velocistas têm maior CAn e os meio-fundistas tem maior PVA. Tempo e velocidade das corridas máximas indicam que o TBor 300 é influenciado pelo metabolismo aeróbio, pois mostrou correlação significativa com o PVA. O Lacmáx, IF e FC final foram iguais para os dois grupos e não mostraram correlação com os resultados dos testes, exceto a FC final do TBor 300 m que mostrou correlação com a RAn%. Conclui-se que o TBor 200 m é eficaz para avaliar a CAn, visto que diferencia grupos treinados de jovens corredores e a avaliação da RAn não é influenciada pelo metabolismo aeróbio neste teste. Palavras-chave: avaliação anaeróbia, testes de campo, jovens corredores