Resumo

Seguindo tendência internacional, uma mudança demográfica marcante está ocorrendo em nosso país com cerca de 8% do total da população acima de 60 anos de idade. Tendo isto como referência, se torna muito importante estudar e compreender em profundidade este estágio do desenvolvimento humano em relação aos principais fatores e processos que são fundamentais para a performance de habilidades motoras. Com o processo de envelhecimento após os 60 anos, existe uma regressão motora caracterizada por ações motoras menos flexíveis. O andar, por exemplo, se torna uma ação monótona e regular, executada principalmente pelos membros inferiores. Este estudo focaliza as adaptações do padrão de andar que ocorrem em função de mudanças na superfície de suporte. Mais especificamente, ele foi projetado para verificar as mudanças nos atratores dos segmentos corporais (perna, coxa, tronco, antebraço e braço) em função do grupo etário (jovem e idoso), atividade física (ativo ou sedentário) e o tipo de superfície de suporte (areia e concreto). Ele objetivou também identificar as restrições internas, impostas pelo organismo e expressas pelas medidas antropométricas, grupo de idade e atividade física que poderiam explicar a variabilidade no comprimento e na duração da passada em cada superfície. Participaram do presente estudo 12 sujeitos de duas faixas etárias (20-30 e 60-70 anos), matriculados (n = 6) ou não (n = 6) em programas de atividade física. Após a obtenção de dados de altura, peso, comprimento da perna e da coxa, os sujeitos foram filmados, no plano sagital, andando em sua velocidade preferida. Eles tinham marcas na articulações do tornozelo, joelho, quadril, ombro, cotovelo e pulso. Com base nas coordenadas bi-dimensionais obtidas quadro a quadro, foram calculados a duração e o comprimento da passada em cada superfície. Retratos de fase foram plotados com base nos dados de velocidade e deslocamento angulares. Os resultados da análise de regressão indicaram que no andar sobre a areia, a idade, a atividade física e o comprimento da coxa explicaram a variabilidade da duração da passada (R2=0,58) enquanto altura, comprimento da perna, atividade física e idade explicaram significativamente a variabilidade do comprimento da passada (R2=0,82). Com relação ao andar sobre o concreto, os resultados indicaram que somente a altura demonstrou explicar a duração da passada (R2=0,61) enquanto que nenhuma ou conjunto de variáveis incluídas na análise de regressão explicou o comprimento da passada. A análise dos retratos de fase mostrou menor variabilidade na forma e magnitude dos atratores em função de idade, atividade física e superfície de apoio no piso de concreto. Os resultados do presente estudo sugerem que, independentemente da superfície de suporte, o padrão de andar de diferentes grupos de idade e de atividade física não pode ser explicado por um mesmo conjunto de variáveis. Andar em uma superfície de suporte diferente da usual requer adaptações e refletem diferenças de idade e de envolvimento em atividades físicas.

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