Resumo
Esta tese trata dos discursos da mídia sobre a adolescência. Partindo da constatação de que meninos e meninas adolescentes adquirem centralidade na cultura contemporânea, desde o início dos anos 90, principalmente nos textos e imagens dos meios de comunicação, faço uma análise dos discursos que circulam em diferentes veículos da mídia brasilei+ra, destinados ao público que se convencionou chamar de teen: dois programas de televisão – o seriado Confissões de Adolescente e o Programa Livre –, uma revista feminina, Capricho, e um jornal, o caderno Folhateen, da Folha de S.Paulo. Fundamentado teórica e metodologicamente em Michel Foucault, o estudo discute e utiliza os conceitos de discurso, poder, saber e sujeito, conforme foram elaborados pelo autor. A análise dos dados centralizase no tema foucaultiano das “relações consigo” e das “práticas de si”, a partir da hipótese de que a mídia constrói um sujeito adolescente – diferenciado segundo sua condição de classe e gênero –, já que lhe propõe uma série de normas, regras e práticas de constituição de si mesmo, de acordo com um jogo de forças sociais vivido numa época em que as redes de poder se fazem ao mesmo tempo individualizadoras e totalizantes e atuam primordialmente no campo das práticas culturais. Na reconstrução desse discurso, enfatizo o caráter pedagógico assumido pela mídia, através da análise de uma série de modalidades enunciativas nas quais o sujeito adolescente é incitado a falar, ao mesmo tempo em que é nomeado, orientado, normalizado e classificado, de modo particular quanto aos cuidados que deve ter com seu corpo e com sua sexualidade.