Resumo

Ao longo do processo de construção histórica como componente curricular da escola, a Educação Física Escolar (EFE) foi alvo de estudos que buscavam identificar suas identidades epistemológica e pedagógica (NEIRA, 2020). Entretanto, sua legitimidade ainda é questionada em muitas circunstâncias, com a percepção da comunidade escolar de que as aulas de EFE são momentos desconectados das funções sociais da escola, ou que se restringe ao fazer pelo fazer, podendo ser substituída por uma “bola”. Desde o início das discussões teóricas acerca de uma EFE fundamentada nas pedagogias críticas, a cultura, diversidade, gênero e equidade dão um chute na porta da quadra para transparecer a totalidade exercida naquele espaço (BRACHT, 1999). Essa quebra de paradigmas causa estranhamentos, mas não são suficientes para “desconectar” a visão de que a EFE se resume na preparação do corpo físico e do esporte, dando lugar a interpretações errôneas. Trata-se de um ensaio teórico reflexivo sobre experiências docentes dos autores, baseando-se em questionamentos do real papel da EFE na escola. Constantemente nos deparamos com situações nas quais a percepção da comunidade escolar não acompanha as discussões e reflexões produzidas na academia. Questionamentos como “o que você faz além de rolar a bola ou jogar?” partem de indivíduos que enxergam a EFE em uma perspectiva tradicional. Será esse o caso do “Gap”, fruto do descompasso entre as ideologias esportivizadas e as que tentam encontrar subsídios críticos para sobreviver? Aqui, não trataremos a pedagogia tradicional como pecado, mas partiremos da premissa de que as pedagogias críticas estão acontecendo. As pedagogias críticas para a EFE encenam um processo e ajudam os alunos a se tornarem mais conscientes, conhecerem a liberdade através do diálogo e problematização (BRACHT, 1999). Segundo Kunz (1999), a EFE contribuiria para a possibilidade de o indivíduo perceber-se para além dele mesmo, na relação com o outro com o mundo, que promove reflexões e ações emancipatórias. Segundo Freire (1992), por meio das pedagogias críticas, é possível capacitar sujeitos a desenvolverem uma compreensão consciente sobre sua relação com o mundo e sua condição, enquanto ser humano, para o exercício da emancipação e da transformação social. Por meio dessa conscientização, os sujeitos se tornam capacitados para criticar e desafiar através da autonomia. Então o jogo, fruto dos questionamentos, não resume a EFE, mas se apresenta como ferramenta para atingir

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