Afrocentricidade, ancestralidade e salvaguarda: Reflexões necessárias
Por Neuber Leite Costa (Autor).
Em XXIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte. IX CONICE - CONBRACE
Resumo
O texto que segue é resultado da pesquisa Capoeira e Política Cultural, que analisou o dossiê Inventário para o Registro da Salvaguarda da Capoeira como Patrimônio Cultural do Brasil. Nosso problema foi: Quais os elementos no Inventário para o Registro da Salvaguarda da Capoeira como Patrimônio Brasileiro que consideram seus princípios africanos? Objetivamos com isso identificar e analisar se o documento aponta esses elementos como subsídios que alicerçam a capoeira, enquanto uma prática de origem afro-brasileira de princípio africano. Para a nossa análise, utilizaremos o conceito de afrocentricidade, de Molefi Kete Asante, como um paradigma de análise sobre um discurso muito comum à comunidade da capoeira – os fundamentos da capoeira, entendendo que tal expressão refere-se a uma cosmovisão africana que deveria estar presente nessa cultura e ser preservada. Importante destacar que quando nos referirmos a princípios e à cosmovisão africana, neste texto, estamos nos referindo a determinados grupos africanos, em especial aqueles que mais contribuíram para a formação do povo brasileiro. Apesar de a procedência de escravizados no Brasil ser complexa dada a imprecisão dos poucos registros e documentos, tradicionalmente são identificados dois grandes grupos, os bantus e os sudaneses, oriundos de várias regiões da África.