Afundando a ponta e pegando na mão: a brincadeira de pião rachando a educação

Parte de Escrevivências da Educação Física Cultural - Vol. 1 . páginas 82 - 91

Resumo

Este relato representa um olhar dentro de tantos possíveis acerca da tematização da brincadeira de pião, ocorrida em 2018, construída coletivamente com estudantes dos quartos anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Rita de Cássia Pinheiro Simões Braga, situada na região da zona sul da cidade de São Paulo, mais precisamente no distrito do Capão Redondo. Iniciamos o trabalho dispostos a dar continuidade aquilo que foi tecido no ano anterior, momento em que vivenciamos brincadeiras cotidianamente promovidas pelas crianças nos mais variados lugares que frequentavam. Assim, selecionei uma prática que parte do grupo conhecia, porém nunca havia realizada no interior da escola: a brincadeira de pião. O pontapé inicial foi marcado pela vivência da brincadeira, o encontro entre sujeitos e objetos fez surgir grandes fluxos de falas, anúncios que nos permitiram situações variadas ao mesmo tempo, num jogo repleto de tensões e informações. “Professor, é muito ruim rodar na minha rua”. “Onde você roda?”. “Na minha casa”. “Quem te ensinou, Luiz?”. “Foi meu pai. Ele pega na mão. Os moleques lá são mó burro, colocam tampinha. Eu faço igual ao meu pai, faço um nó para colocar no dedo”. “Meu pai rodava quando era criança, ele disse que brincava de rachar pião”. “Meu tio sabe rodar”. “Me dá o que tem ponta”.