Alámòjú - o Conbrace e a Discussão étnico-racial: Uma Análise dos Conbraces de 2005 a 2015
Por Gabriela Nobre Bins (Autor), Maíra Lopes de Araújo (Autor).
Em XX Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e VII CONICE - CONBRACE
Resumo
Alámòjú significa sabedoria em yorubá. Pensando na sabedoria dos povos tradicionais indígenas, africanos e afro-brasileiros e em sua expressão na constituição sociocultural brasileira, buscamos observar o quanto ela está representada na produção de conhecimento no meio acadêmico, em especial na educação física. Selecionamos a produção acadêmica acerca das relações étnico-raciais ao longo de seis Congressos Brasileiros de Ciências do Esporte na tentativa de resgatarmos a memória da produção acerca das relações étnico raciais nesse espaço. Pontuamos em quais Grupos de Trabalho Temáticos as produções foram apresentadas e quais enfoques de suas abordagens. Analisamos os anais dos CONBRACES de 2005 a 2015, buscando títulos que sinalizassem estudos acerca de questões étnicas. Posteriormente foi realizada a leitura dos resumos para identificar o teor das discussões.
No Congresso de 2005 foram apresentados onze trabalhos divididos em cinco GT’s. “Corpo e Cultura”, “Movimentos Sociais”, “Rendimento de Alto Nível”, “Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais” e “Recreação e Lazer”. Em 2007 o número aumentou para quatorze, sendo dez apresentados no GT “Corpo e Cultura”, três em “Movimentos Sociais” e um em “Formação”. Em 2009 o GT “Escola” entrou para a relação de GT’s com pesquisas acerca da temática étnico-racial. No mesmo ano, encontramos a discussão étnico-racial nos GT’s “Corpo e Cultura”, “Treinamento Esportivo” e “Epistemologia”.
O evento de 2011 contou com onze trabalhos distribuídos em cinco Grupos de Trabalho, com a inclusão da discussão étnico-racial no GT “Saúde”. Novamente “Corpo e Cultura” foi o GT que teve o maior número de trabalhos com a temática. Em 2013 tivemos doze pesquisas distribuídas em seis GT’s: “Saúde”, “Inclusão”, “Movimentos Sociais”, “Formação”, “Epistemologia” e “Escola”.
Por fim, em 2015 tivemos o maior número de trabalhos relacionados às questões étnico-raciais, perfazendo um total de vinte e seis pesquisas apresentadas em seis GT’s: “Corpo e Cultura”, “Inclusão e Diferença”, “Lazer e Sociedade”, “Memórias da Educação Física e Esporte”, “Políticas Públicas” e “Escola”.
Durante a análise pudemos observar que dos onze GT’s onde se localizaram as discussões étnicas, somente “Corpo e Cultura” teve trabalhos apresentados em todos os anos, entre 2005 e 2015. Em seguida vêm “Escola” e “Inclusão”, apresentando estudos voltados ao tema durante quatro Conbraces. Também ressaltamos a reincidência de assuntos abordados. A Capoeira se fez presente em todos os anos, sendo que até 2011 foi o tema com maior número de trabalhos. As questões indígenas também estiveram presentes em todos os Conbraces analisados. Observamos maior diversidade de temas a partir do Congresso de 2013. Importante ressaltar que nas últimas quatro edições do Conbrace, a discussão entre questões étnico-raciais e educação básica ganhou espaço, principalmente no GT “Escola”.
A análise realizada permitiu-nos observar o trânsito das questões étnico-raciais pelos diferentes GT’s ao longo dos cinco últimos Conbraces. Esse movimento nos revelou diferentes formas de representação dos saberes indígenas, africanos e afro-brasileiros a partir da cultura acadêmica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, Nilma Lino. Diversidade Étnico-Racial: por um projeto educativo emancipatório. In: FONSECA, Marcus Vinicius; SILVA, Carolina Mostaro Neves da; FERNANDES, Alexsandra Borges (Orgs.). Relações Étnico – Raciais e Educação no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011.