Resumo

Este artigo procura refletir sobre a pertinência histórica e analítica do conceito de “qualificação do trabalho”, em um contexto social que tem demandado a sua substituição pela noção de “competência”. Para isso, busca compreendê-lo do ponto de vista teórico, tendo por base o pensamento de Georges Friedmann e Pierre Naville (especialmente o deste último), os pais da sociologia do trabalho na França, no pós-guerra. É nesse país e nesse período que a qualificação começa a adquirir centralidade: ela se torna não apenas um aspecto da prática política e social como, também - e talvez por isso mesmo -, o objeto por excelência da disciplina nascente. Isso significa que a qualificação tem uma história social e interpretativa, e é só por meio dela que se pode decretar ou não o fim de sua vigência analítica. O texto argumenta que as contribuições de Naville, como precursor da chamada visão “relativista” da qualificação - aquela que a concebe como socialmente construída -, são fundamentais para se pensar o debate “qualificação” versus “competência”.