Alguns Conseguem, Outros Não: o Desafio da Diferenciação do Ensino na Educação Física Escolar
Por Elizangela Cely da Silva Oliveira (Autor), José Henrique (Autor).
Resumo
A diferenciação do ensino consiste em adequar métodos, técnicas e materiais ao nível de habilidade dos alunos, respeitando o seu ritmo de aprendizagem. Na Educação Física Escolar as diferenças individuais são ainda mais evidentes, exigindo do professor ações pedagógicas no sentido de proporcionar aos alunos condições ótimas de aprendizagem. Os objetivos da pesquisa foram identificar, descrever e analisar a diferenciação pedagógica no planejamento e no ensino; a coerência entre intenções de planejamento e comportamentos de ensino; bem como a capacidade do professor adaptar o ensino ao nível de habilidade dos alunos. A pesquisa adotou o método misto, com etapas quantitativa e qualitativa, de natureza complementares. A amostra, conveniente, constituiu-se de oito professores de escolas públicas de educação básica do Rio de Janeiro. Na fase quantitativa recorreu-se à técnica de observação sistemática dos comportamentos de ensino do professor. Foram observadas e registradas as intervenções de monitoramento, afetividade e feedback do professor direcionadas aos alunos com diferentes níveis de habilidade na classe. Na fase qualitativa procedeu-se à análise de conteúdo dos relatos obtidos junto aos professores, por meio de entrevistas estruturadas pré e pós-interativas, a fim de interpretar as intenções no planejamento e a reflexão sobre a prática pedagógica dos professores. Os resultados apontam para a predominância da diferenciação mínima, mediante estratégias de ajustamentos; maior incidência de intervenções direcionadas aos alunos mais habilidosos; e maior atuação docente voltadas aos aspectos atitudinais dos alunos, sobretudo os comportamentos disruptivos. Verificou-se coerência entre planejamento e ensino, porém os planejamentos denotaram pouca estruturação e detalhamento. De modo geral, as estratégias de ensino mostraram-se massivas, pouco complexas e com baixa frequência de alternativas aos problemas antecipados. As intervenções minimamente diferenciadas foram efetivadas com base na urgência, diante das demandas geradas pelo contexto ensino-aprendizagem. Os professores diferenciadores no ensino, foram os que apresentaram planejamentos diferenciados e mais sistematizados, referenciados na didática. Constatou-se que os professores com menor intencionalidade diferenciadora no planejamento, infelizmente o fizeram nas aulas de modo improvisado, enquanto os professores que intencionaram diferenciar o ensino no planejamento, denotaram maior coerência com as práticas pedagógicas nas aulas. A predominância de intervenções direcionadas aos alunos mais habilidosos pode ter relação com o maior engajamento destes nas práticas letivas. A pesquisa demonstra a necessidade de sensibilização dos professores para o estabelecimento intencional de estratégias didáticas de diferenciação pedagógica ao nível do planejamento e do ensino, para efetivamente prover oportunidades de aprendizagem aos alunos com diferentes níveis de competência.