Resumo


A técnica do balé clássico foi sistematizada há mais de três séculos e, desde então, vem sendo utilizada na formação e treinamento de bailarinos profissionais contemporâneos. Nesse caminho novas reflexões acerca desse treinamento se fazem necessárias para que ele possa continuar a evoluir e se (re)significar. A linguagem coreográfica atual utilizada por coreógrafos de companhias contemporâneas não exige mais um corpo treinado unicamente com a técnica do balé clássico. Entretanto, no Rio de Janeiro, em grande parte das escolas técnicas e graduações em dança, a técnica do balé é oferecida aos alunos como uma ferramenta essencial para quem deseja se profissionalizar. Diante disso, o presente estudo objetiva contextualizar, compreender e verificar os sentidos da utilização da técnica do balé no atual mercado de trabalho da dança profissional carioca sob a ótica de coreógrafos/diretores de companhias contemporâneas profissionais. Para tal, foram realizadas entrevistas de roteiro semiestruturado com cinco coreógrafos de companhias de dança contemporânea da cidade do Rio de Janeiro. Como preceitos teóricos, este trabalho se fundamentou no conceito de “modernidade líquida” de Zygmunt Bauman (2001). Os dados coletados foram interpretados a partir do método de Análise do Discurso proposto por Eni Orlandi (2013). Concluiu-se que os sentidos e as relações acerca do uso da técnica do balé clássico vêm se modificando, mas ela segue como uma ferramenta significativa após mais de três séculos. Verificou-se também que estes coreógrafos/diretores mantém os preceitos fundantes da técnica na formação de seus bailarinos, mas a colocam em um novo lugar que dialoga com outras técnicas e métodos do universo da dança cênica contemporânea.

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