Resumo

Introdução. A gestação traz diversas alterações metabólicas, fisiológicas e no estilo de vida da mulher, que podem influenciar o ganho ponderal no período gestacional, sendo o mesmo composto por: massa livre do gordura e tecido adiposo (materno), placenta, fluido amniótico e feto. Entretanto, não está claro quais fatores estão associados à composição corporal materna, e se a gordura ou água (principal componente do tecido magro) estão associados ao peso ao nascer. Objetivo. Avaliar o efeito das mudanças da composição corporal durante a gestação sobre o peso ao nascer e os fatores potencialmente modificáveis associados (atividade física). Metodologia. Foi estudada uma coorte de 152 gestantes clientes do Hospital Amparo Maternal, São Paulo. As informações foram obtidas através de entrevistas com as gestantes, em três momentos para investigar a atividade física. O exame antropométrico foi realizado a cada consulta pré-natal, sendo constituído de medidas de peso, altura, circunferência de braço, coxa e panturrilha, pregas cutâneas de coxa, das regiões subescapular e tricipital, e bioimpedância. A análise de dados longitudinais foi realizada através de análises de regressão linear mista para verificar impactos das variáveis independentes sobre o a composição corporal. Para relacionar o efeito das mudanças na composição corporal durante a gestação sobre o peso ao nascer, foram utilizados modelos GAMLSS (modelo aditivo generalizado para locação, escala e forma), que permitem considerar ajuste para os parâmetros de dispersão. Foi considerado nível de significância inferior a 5%. Resultados. Os ganhos semanais de Água Corporal Total (ACT), Massa Livre de Gordura (MLG) não são diferentes entre os estados nutricionais. A velocidade de ganho semanal de Peso e Massa Gordurosa (MG) são menores para gestantes obesas                (-14g/sem p=0,008 e -22g/sem p<0,001, respectivamente). Para cada aumento do nível de atividade física, há diminuição da velocidade de ganho de peso (-25g/sem, p=0,001); ACT (-13g/sem, p=0,046) e MG (-13g/sem, p=0,049). As mulheres brancas apresentaram 1,5kg (p=0,027) a menos de MG comparadas com outras raças (negras, mulatas, amarelas). O peso padronizado do recém-nascido aumenta em média 9,44g/sem (p=0,017) se a taxa de MLG aumenta em uma unidade; a taxa de MG quase mostrou associação, o acréscimo do peso padronizado seria de 12,04g/sem (p=0,051) se a taxa de MG aumentasse em uma unidade. Em outro modelo, o peso padronizado do recém-nascido aumenta em 10,17g/sem (p=0,022) conforme a taxa de água corporal (kg/sem) aumenta em uma unidade. Novamente, a taxa de massa gordurosa quase mostrou associação, o peso padronizado do recém-nascido aumentaria em 12,20g/sem (p=0,051) conforme a taxa de massa gordurosa (kg/sem) aumentasse em uma unidade. Conclusão. A gestação é um período em que ocorrem diversas modificações na composição corporal, na qual a mulher pode ganhar peso em excesso. A atividade física pode ser benéfica para diminuir a velocidade de ganho de peso e massa gordurosa. O peso do recém-nascido está associado à MLG e MG, e ganhos excessivos podem ser prejudiciais ao feto.

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