Alterações fisiológicas, percepção subjetiva de esforço e percepção de conforto durante formatura militar: um estudo experimental
Por Michel Moraes Gonçalves (Autor), Humberto Lameira Miranda (Autor), Eduardo Borba Neves (Autor), Fabio Alves Machado (Autor), Antonio Marcio dos Santos Valente (Autor), Allan Inoue (Autor), Runer Augusto Marson (Autor).
Em Revista de Educação Física - Centro de Capacitação Física do Exército v. 88, n 3, 2019.
Resumo
Em formaturas militares a posição ortostática (em pé), com a máxima imobilidade, é um fator exigido e, muitas vezes, suportando cargas externas. Para se adaptar a este esforço alterações fisiológicas são necessárias, porém podem ser prejudiciais. Entretanto, para tornar a atividade menos desgastante e sem comprometer a marcialidade do cerimonial militar, ajustes posturais podem ser sugeridos.
Objetivo: Observar as alterações de frequência cardíaca máxima (FCMáx), percentual de saturação de oxigênio (%SatO2), perímetro da panturrilha (PP), percepção subjetiva de esforço (PSE) e de percepção de conforto, comparando períodos de permanência na posição ortostática com e sem breve período de livre postura e com e sem sobrecarga de peso externo.
Métodos: Estudo experimental de seção transversal, modelo cross-over, do qual participaram 24 militares do sexo masculino. Foram executados dois protocolos (P1 e P2) simulando uma formatura de 33 minutos, em pé, com a máxima imobilidade, com carga externa (mochila operacional). Em ambos, foram executados comandos de “sentido e descansar” a cada 5 minutos, porém, somente em P2 os sujeitos puderam retirar a carga externa e permanecer em livre postura por 5 minutos. Foram realizadas medidas de FCmáx (bpm), %SatO2 (%), PP (cm), PSE e percepção de conforto. Foram realizados testes estatísticos ANOVA de medidas repetidas, ANOVA fatorial, U de Mann Whitney, Wilcoxon e correlação de Spearman.
Resultados: Houve aumento no PP, com diferença estatística significativa entre o minuto 13 (38,75 ± 5,91cm) e o minuto 33 (37,67 ± 4,62cm) em P1 (protocolo sem intervalo para “período de livre postura”), mas o mesmo não ocorreu em P2. Observou-se um aumento mais acentuado na FCmáx ao longo do tempo em P1, foram encontradas diferenças significativas apenas em P1, em todos os momentos após M16 (M21 = 80,58 ± 13,49 bpm; M26 = 79,08 ± 10,61 bpm; M31 = 83,67 ± 11,77 bpm e M33 = 80,00 ± 12,80 bpm) em relação ao primeiro minuto (M1=71,71 ± 15,29 bpm). Não houve diferenças no %SatO2. Não foi encontrada diferença significativa na PSE, nem na percepção de conforto entre os protocolos.
Conclusão: Um período de 5 minutos, com livre postura e sem a mochila operacional, em formatura militar, parece ter um efeito protetor em relação a alguns efeitos fisiológicos causados por este tipo de esforço, embora não pareça influenciar na percepção de esforço e percepção de conforto entre militares.