Resumo
O Ironman é uma das variações da modalidade de triatlo e caracteriza-se por uma atividade de longa duração, constituída por 3,8 Km de natação, 180 Km de ciclismo e 42,2 Km de corrida, na qual o atleta exercita-se em média por cerca de 13 horas. Neste contexto o atleta exposto a tal carga de esforço e adversidades ambientais experimenta alterações orgânicas agudas em seus sistemas biológicos, inclusive distúrbios hidroeletrolíticos. O objetivo deste estudo é descrever as alterações hídricas e eletrolíticas encontradas em atletas de triatlo Ironman nos anos de 2002 a 2005. Com este intuito 109 atletas voluntários foram avaliados antes e após a prova, sendo submetidos a análise sangüínea dos eletrólitos sódio e potássio e pesagem de massa corpórea. Os dados do sódio sérico de 89 atletas foram correlacionadas com o percentual de desidratação e alterações percentuais de peso corporal. Dados de 77 atletas, quanto ao potássio sérico, foram avaliados isoladamente de uma forma descritiva. A análise estatística consistiu de uma parte descritiva, com a determinação das estatísticas descritivas básicas, e de uma parte inferencial, que estudou a significância estatística da correlação entre os resultados dos exames. Seis atletas (6,7%) apresentaram-se euhidratados ou superhidratados ao final da prova, 50 atletas desidrataram de 0 a 3% (56,2%), 29 de 3 a 6 % (32,6%) e 4 atletas (4,5%) desidrataram mais que 6%. Houve uma tendência a ocorrer hiponatremia, uma das mais preocupantes alterações hidroeletrolíticas, entre aqueles que desidrataram menos ou ganharam peso. O potássio teve um comportamento dentro dos limites da normalidade em toda amostra. Conclui-se que os distúrbios hidroelétrolíticos são incidentes nesta modalidade esportiva, e a superhidratação, evidenciada pelo ganho ou perdas discretas de peso, é a etiologia provável da hiponatremia.