Alterações Músculo-esquelétcas em Um Modelo Genético de Cardiomiopatia Induzida Por Hiperatividade Simpática
Por Aline Villa Nova Bacurau (Autor), Julio Ferreira (Autor), Maíra Jardim (Autor), Telma F. Cunha (Autor), Carlos Roberto Bueno Júnior (Autor), Elen Miyabara (Autor), Anselmo Moriscot (Autor), Patricia Chakur Brum (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de alta incidência e
mau prognóstico, caracterizada por fadiga, dispnéia e grande limitação aos esforços
físicos. Essas alterações não estão apenas limitadas ao comprometimento cardíaco,
mas em parte, são decorrentes também de alterações morfo-funcionais da musculatura
esquelética. O objetivo deste estudo foi avaliar o fenótipo muscular esquelético de
camundongos com deleção dos receptores α2A/α2C adrenérgicos (KO) que
apresentam cardiomiopatia induzida por hiperatividade simpática e 50% de
mortalidade aos 7 meses de idade. Métodos: Foram utilizados camundongos machos
da linhagem C57BL/6J, sendo 122 controle (WT) e 106 KO nas idades de 3, 5 e 7
meses. Para avaliação da tolerância à realização de esforço físico (TE) foi realizado
teste progressivo em esteira rolante (velocidade inicial de 6 m/min com incrementos
de 3 m/min a cada 3 min até a exaustão). Para a determinação da máxima fase
estável do lactato sangüíneo (MSSL), foi utilizado teste de cargas independentes
com duração de 30 minutos. A fração de encurtamento (FS) foi avaliada por
ecocardiografia, e a freqüência cardíaca (FC) por plestimografia de cauda. Para
determinação do tipo de fibra muscular, área de secção transversa e razão capilar por
tipo de fibra, foi usada a técnica de histoquímica para miosina ATPase. Resultados:
Aos 3 meses de idade, onde a cardiomiopatia está em fase inicial, observou-se
taquicardia basal (643±9 vs 555±1 bpm) e redução de 8% da FS nos KO vs WT.
Aos 5 meses, o grupo KO apresentou o mesmo padrão de alteração dos 3 meses,
no entanto maior magnitude. Aos 7 meses, onde a cardiomiopatia é grave e associada
a IC , observou-se taquicardia basal (690±7 vs 581±8 bpm) e redução de 14% da
FE nos KO vs WT. Além disso, os KO apresentaram diminuição da TE (↓34%) e
da MSSL (↓16%), além da transição do tipo de fibra (I → IIa) e atrofia em todos
subtipos de fibras do músculo sóleo. Nesta faixa etária, os animais KO também
apresentaram rarefação vascular nos músculos sóleo (↓13%) e gastrocnêmio (↓11%).
Conclusão: Camundongos KO apresentam alterações no fenótipo muscular
esquelético aos 7 meses de idade, semelhante as observadas em portadores de IC.
Portanto, esses animais constituem-se em um ótimo modelo para estudar os
mecanismos envolvidos nas alterações oriundas da hiperatividade simpática.