Resumo

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de alta incidência e
mau prognóstico, caracterizada por fadiga, dispnéia e grande limitação aos esforços
físicos. Essas alterações não estão apenas limitadas ao comprometimento cardíaco,
mas em parte, são decorrentes também de alterações morfo-funcionais da musculatura
esquelética. O objetivo deste estudo foi avaliar o fenótipo muscular esquelético de
camundongos com deleção dos receptores α2A/α2C adrenérgicos (KO) que
apresentam cardiomiopatia induzida por hiperatividade simpática e 50% de
mortalidade aos 7 meses de idade. Métodos: Foram utilizados camundongos machos
da linhagem C57BL/6J, sendo 122 controle (WT) e 106 KO nas idades de 3, 5 e 7
meses. Para avaliação da tolerância à realização de esforço físico (TE) foi realizado
teste progressivo em esteira rolante (velocidade inicial de 6 m/min com incrementos
de 3 m/min a cada 3 min até a exaustão). Para a determinação da máxima fase
estável do lactato sangüíneo (MSSL), foi utilizado teste de cargas independentes
com duração de 30 minutos. A fração de encurtamento (FS) foi avaliada por
ecocardiografia, e a freqüência cardíaca (FC) por plestimografia de cauda. Para
determinação do tipo de fibra muscular, área de secção transversa e razão capilar por
tipo de fibra, foi usada a técnica de histoquímica para miosina ATPase. Resultados:
Aos 3 meses de idade, onde a cardiomiopatia está em fase inicial, observou-se
taquicardia basal (643±9 vs 555±1 bpm) e redução de 8% da FS nos KO vs WT.
Aos 5 meses, o grupo KO apresentou o mesmo padrão de alteração dos 3 meses,
no entanto maior magnitude. Aos 7 meses, onde a cardiomiopatia é grave e associada
a IC , observou-se taquicardia basal (690±7 vs 581±8 bpm) e redução de 14% da
FE nos KO vs WT. Além disso, os KO apresentaram diminuição da TE (↓34%) e
da MSSL (↓16%), além da transição do tipo de fibra (I → IIa) e atrofia em todos
subtipos de fibras do músculo sóleo. Nesta faixa etária, os animais KO também
apresentaram rarefação vascular nos músculos sóleo (↓13%) e gastrocnêmio (↓11%).
Conclusão: Camundongos KO apresentam alterações no fenótipo muscular
esquelético aos 7 meses de idade, semelhante as observadas em portadores de IC.
Portanto, esses animais constituem-se em um ótimo modelo para estudar os
mecanismos envolvidos nas alterações oriundas da hiperatividade simpática.

Acessar