Resumo

Após uma lesão medular espinhal (LME), as mudanças hormonais e metabólicas podem aumentar o risco de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. A piora na composição corporal e o aumento na atividade inflamatória em pessoas com SCI podem resultar na ocorrência de alterações cardíacas e síndrome metabólica e o cuidado com o peso corporal permanece a melhor forma de lidar com tais complicações. Há também uma redução na massa óssea e na massa muscular além de um aumento no peso de gordura que ocorrem de maneira acentuada no primeiro ano após a LME, caracterizando a obesidade sarcopênica, também observada nessa população. Os músculos podem sofrer atrofia devido à falta de estímulos pela perda do drive neural, afetando a força e mobilidade. Por isso, treinamento resistido (TR) beneficia pacientes com LME em suas atividades diárias, melhorando a massa muscular, força e qualidade de vida, além de prevenir quedas e promover independência. Objetivo: Sabendo disso, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos de 3 diferentes métodos de TR em pessoas com LME sendo eles o TR tradicional (TRT), o TR Reforçado Excentricamente (TRRE) e o TR de alta velocidade na fase concêntrica, popularmente conhecido como treinamento de potência (POT). Métodos: 3 grupos de 5 indivíduos realizaram 8 semanas de treinamento com exercícios de membros superiores para todos os grupos musculares de função preservada, com volume progressivo e intensidade de alta a moderada (OMNI-RES) e tiveram sua composição corporal (CC) avalia por DEXA. As variáveis avaliadas foram o peso corporal (PC), massa magra (MM), massa de gordura (MG). Os dados foram analisados descritivamente e avaliada a normalidade com o teste de Shapiro-Wilk. Variáveis não normais foram transformadas logaritmicamente (base 10). A homogeneidade das variáveis foi verificada com o teste Box M. As comparações iniciais entre grupos foram feitas com a Análise da Variância de uma via e post hoc de Bonferroni. Para comparações intra e intergrupo, foi usada a ANOVA para medidas repetidas de duas vias, considerando os fatores tempo e grupo. O nível de significância adotado foi p<0,05. Resultados: Observou-se uma melhora significativa da MM após o período de treinamento para os grupos POT (35,89±7,07) e TRRE (39,64±3,76), porém quando comparados os grupos o TRT apresentava MM (37,53±9,67) superior aos dois primeiros mesmo sem alterações significativas após as 8 semanas de treinamento. Importante ainda ressaltar o aumento de MG no grupo TRRE (21,49±0,62). Para as demais variáveis, não se observou diferenças significativas. Conclusão: Conclui-se que POT e TRRE foram eficientes para aumentar a MM e TRT foi eficiente para a manutenção da MM de pessoas com LME