Resumo

Este estudo teve como objetivo investigar as alterações da Velocidade Aeróbica Máxima (VAM) e do Índice de Resistência Aeróbica (IRA), de corredores de 10.000 metros, treinados, em função de diferentes condições de refrigeração corporal e sua influência sobre a capacidade de rendimento dos referidos corredores. O grupo amostral teve a participação de 13 (treze) sujeitos, do sexo masculino, com idade variando entre 18 e 42 anos, todos corredores de 10.000 metros, residentes na região nordeste do Brasil, nas cidades de Garanhuns (PE) e Maceió (AL), com constância de resultados em provas de 10.000 metros durante os últimos 18 meses. No procedimento experimental conduzimos o estudo através de dois experimentos. O objetivo do experimento inicial foi identificar a Velocidade Aeróbica Máxima e estimar o VO2 máx. dos sujeitos, para tanto foi utilizado o teste de Léger-Boucher, adaptado por Moreira (1996). No segundo experimento o objetivo foi avaliar o rendimento de cada sujeito em corridas de 10.000 metros, em pista oficial de atletismo e estimar seu Índice de Resistência Aeróbica. Nas duas situações as variáveis intervenientes, temperatura e umidade relativa do ar (U.R.A.), foram mensuradas por meio de um Termo-Higrômetro, marca Mannix, modelo LAM 880D. As condições de refrigeração foram consideradas Fáceis (12° C a 20° C e U.R.A. entre 50% e 75%); Difíceis (21/ C a 28° C e U.R.A. entre 75% e 90%) e Muito Difíceis (+ de 28° C e + de 90% de U.R.A.). Nas comparações entre as médias de VAM, IRA e desempenho nas três situações climáticas estudadas, foi empregada Análise de Variância One Way, modelo fixo e o nível de significância escolhida foi A = 0,05. O problema foi investigado a partir de duas questões: 1) A temperatura e U.R.A das três situações selecionadas provocam deterioração da VAM, do IRA e no rendimento de corredores de 10.000m? 2) Em caso afirmativo, é possível determinar de quanto será a deterioração provocada por estas diferentes situações climáticas na VAM, no IRA e no rendimento dos corredores de 10.000m? A partir das discussões dos dados verificou-se que as variações encontradas, tendo em vista o rigor estatístico, não foram consideradas estatisticamente significativas, provavelmente devido a magnitudes de alteração muito pequenas. Ainda assim, foi observada uma tendência à deterioração, tanto na VAM, como do IRA e do desempenho nos 10.000 metros. Tendo em vista a natureza do trabalho atlético, onde qualquer centésimo de segundo pode representar a perda de um recorde ou de uma vitória olímpica, é preciso enfocar a análise das variações encontradas com uma margem maior de tolerância em relação ao nível de decisão tradicionalmente utilizado nas pesquisas (A = 0,05). Assim verificou-se que a VAM diminuiu 1,49% e 3,68%, respectivamente, nas condições de refrigeração "difíceis" e "muito difíceis" quando comparadas às condições "fáceis". Quanto ao IRA, a deteriorização observada foi de 0,9% e 9,35%, respectivamente. Já o desempenho nos 10.000 metros sofreu uma queda de 1,72% e 5,45% respectivamente. Análise de regressão linear foram realizadas buscando verificar possíveis relações de interdependência entre as variações de VAM, do IRA e diretas entre o IRA e o desempenho nos 10.000 metros. Em consequência foram deduzidas algumas equações de regressão, específicas para cada combinação das situações climáticas estudadas. Analisando os dados obtidos pode-se concluir que: 1) O esforço despendido nas condições de refrigeração estudadas pode causar deterioração no rendimento de atletas; 2) Existem indivíduos que são capazes de suportar melhor que outros as diferenças de temperatura e umidade relativa do ar; 3) Os teste empregados neste estudo são capazes de determinar a deterioração da VAM, do IRA e do rendimento dos corredores de 10.000 metros, podendo ser utilizados por técnicos, tendo em vista seu baixo custo e grande praticidade; 4) há uma relação de dependência, nas situações observadas no presente estudo, da performance nos 10.000 metros em função da perda de Resistência Aeróbica, e não da perda na Velocidade Aeróbica Máxima.

Acessar