Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir como imagens e textos que configuram os relatos do projeto São Paulo Invisível podem caracterizar uma potência política que deriva não só das possibilidades enunciativas proporcionadas pelo Facebook, mas também das táticas de indivíduos e grupos que recusam seu posicionamento dentro de ordens discursivas estabelecidas e estanques. Por potência política dos enunciados e dos modos de enunciação proporcionados pelo Facebook estamos considerando as tentativas de questionamento da ausência de um lugar de fala para os subalternos e a construção de “relatos de si” marcados pelo sofrimento social e pela falta de reconhecimento. Foram analisados 17 relatos postados na página do projeto entre os dias 3 e 27 de fevereiro de 2015, além dos 30 primeiros comentários feitos a cada post de modo a conhecer o impacto moral das narrativas e verificar se os anônimos retratados participaram dessas trocas como interlocutores. As imagens e os relatos analisados sugerem modos de subjetivação política marcados pela busca de emancipação e reconhecimento, mas constrangidos por mecanismos de visibilidade que frequentemente oprimem, silenciam e invizibilizam.

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