Resumo

INTRODUÇÃO: Diretrizes internacionais recomendam pelo menos 60 minutos diários de atividade física (AF), sendo a escola um espaço estratégico para viabilizar essa meta. Contudo, a implementação de políticas públicas baseadas nessas recomendações enfrenta entraves administrativos, políticos e legais. Assim, surge a seguinte questão: quais articulações foram necessárias para viabilizar a ampliação da carga horária da Educação Física (EF) em uma rede municipal?OBJETIVO: Relatar a experiência da ampliação da carga horária da EF em uma rede municipal.MÉTODO: Relato de experiência da coordenadora municipal de EF, atuante entre os anos 2020-2022, no município de Garopaba-SC. O relato baseia-se em sua atuação na elaboração, defesa e implementação do projeto de ampliação da carga horária das aulas de EF. Foram utilizados documentos oficiais, registros institucionais e reflexões sobre o processo vivido junto à rede municipal de ensino.RESULTADOS: Pretendia-se ampliar de três para cinco períodos semanais as aulas de EF, em consonância com as recomendações. A mudança foi parcialmente implementada, com adoção de quatro períodos na educação infantil, sem acréscimo de custos, por meio da reorganização da carga horária docente e revisão das contratações previstas. No entanto, a proposta não foi estendida ao ensino fundamental, pois a decisão foi atrelada à exigência legal de reorganizar a hora-atividade dos pedagogos, ação necessária apenas na educação infantil. A mudança foi impulsionada mais por exigências administrativas do que por fundamentos técnico-científicos, embora tenha exigido argumentação baseada em evidências para demonstrar que a ampliação não traria prejuízos ao desenvolvimento infantil nem às demais áreas do currículo. Sete das 12 escolas foram beneficiadas com a mudança. CONCLUSÃO:Avanços nas políticas públicas são possíveis quando há articulação técnica e sensibilidade política. Conjectura-se a fragilidade do reconhecimento da EF como componente essencial do currículo escolar e a necessidade de ampliar o debate sobre seus impactos para o desenvolvimento infantil.